Ao concluirmos um curso ou uma formação em qualquer área caímos por vezes na tentação de considerar que quase tudo o que precisamos para iniciar uma profissão já vem incluído no “pacote” e depois será a bendita experiência a rematar as pontas soltas que possam aparecer.
No entanto imaginem a nossa desilusão ou espanto quando descobrimos que houve uma matéria, que pode fazer toda a diferença mas nunca foi abordada.
É com este espanto, senão desilusão que convivo diariamente. Chamo a isto “Grito do Silêncio” e aplica-se a todos nós, independentemente de idade, sexo, profissão ou estado de saúde. Tem a ver com todos os pequenos gestos, acções, palavras que ficam escondidas atrás de chavões e por vezes querem dizer tanto.
Infelizmente cada vez mais se ouve estes gritos vindos das mais diversas direcções. E a nossa alienação e surdez torna-se tanta que nem conseguimos escutar aquela voz baixa e discreta que está dentro de nós.
Como consequência disso, diariamente sou confrontada com processos de diagnóstico tardio, procura de ajuda lenta ou resistência a modificar hábitos que possam efectivamente favorecer o nosso bem-estar.
E se a nossa ignorância do mundo em geral é grave, a nossa auto-ignorância só pode resultar num desfecho desastroso, por isso defendo, reclamo, exijo um transplante de visão, onde o Eu e o Nós sejam importantes sem serem egoístas, sejam valorizados sem serem tiranos, para que a nossa passagem pela vida se faça da maneira mais suave e apreciada possível.