A Ana é aluna da Vidya-Academia de Yoga do Porto desde 2008. Senhora de uma coluna dorsal com uma cifose muito acentuada (que hoje já não existe), sempre se mostrou uma aluna atenta e dedicada. Percebeu de forma quase intuitiva e inteligente, os benefícios que a prática de yoga poderiam alicerçar não só a nível físico, mas também a nível da consciência de si e do mundo. O seu sorriso e energia de bem-estar na vida é completamente contagiante e revitalizante para com quem, diariamente, priva com ela.
A cereja no topo do bolo da sua forma de estar é fazer tudo com o coração e um amor profundo, o que torna tudo o que faz em símbolos de amor e dedicação ao próximo.
Um dia destes mostrou-me um texto, para ajudar (mais uma vez) uma pessoa de família, num estudo sobre a pandemia Covid-19. Pedi-lhe que o partilhasse, para ser publicado aqui no site Stop Cancer Portugal e por considerar que o seu testemunho é um resumo de tudo aquilo que, de uma forma ou de outra, todos sentem ao longo destes estados de emergência e de calamidade em que temos vivido.
Tudo começou no Whats App da família: a geração dos 30 anos pedia à geração dos 70 anos para deixarmos expresso o quanto a pandemia Covid-19 nos tinha afetado. O objetivo era ajudar num trabalho.
Pareceu-me irrecusável…Faria sentido uma resposta concisa, e tão forte quanto a transformação da vida de todos nós? Como cores numa pintura, os meus pensamentos iam-se cruzando, e ficando cada vez mais claros: cada um de nós tem um perfil e um enquadramento…tinha que começar por aí.
– O meu perfil: 71 anos, avó derretida, intensa vida familiar.
– As minhas coordenadas: família, amigos, mundo do pensamento e da arte, artes decorativas, partilha humana, natureza, jardinagem, yoga.
– A pandemia Covid-19: Um tsunami físico e emocional a nível global, senti tudo a ser questionado.
– Quanto me afetou: Tive profunda consciência da rutura física da vida familiar. Consciência da solidão de muitos. Consciência que a doença tem os seus rituais que unem o doente ao seu mundo humano, na pandemia era tão diferente! Recordei-me então dum livro, riquíssimo de reflexões, do historiador Jean Delumeau – La peur en Occident -XIV -XVIII siècles, que me fez compreender que na pandemia tal como nas pestes, tudo se inverte e fica o isolamento.Há uma rutura profunda dos rituais de alegria e de tristeza.
Confesso que para mim os contornos em relação ao essencial da Vida, se tornaram ainda mais nítidos.
– Qual é o meu registo atual? Focada, ativa, organizada, aproveitando o fantástico dos media, atenta aos outros, pesquisando novas soluções, criatividade como inspiração e rotina cheia de esperança. Sobretudo gerindo a nova realidade com serenidade. Era profundamente claro para mim que muita dessa serenidade física e mental, devo-a ao Yoga que pratico há alguns anos.
[fonte]Créditos da imagem Anukrati Omar on Unsplash[/fonte]