A audição tem um papel fundamental para o ser humano comunicar, desenvolvendo relações interpessoais.
Após 2 anos de pandemia, não poderia deixar passar o Dia Mundial da Audição, 3 de março, sem salientar o impacto desta doença no sistema auditivo.
O foco recai em 4 domínios distintos, de grande relevância:
– Crianças
A deteção precoce da surdez na criança é muito importante. Se a surdez não for detetada em tempo útil, e não houver intervenção adequada, em termos de habilitação auditiva, o desenvolvimento da linguagem vai ficar comprometido.
As diretrizes do Joint Committee on Infant Hearing (JCIH) de 2019 sugerem que:
1) todas as crianças devam ser rastreadas até ao 1º mês de vida
2) o diagnóstico de surdez deva ser feito até aos 2 meses
3) no caso de existir surdez, deva haver uma intervenção com próteses auditivas, até aos 3 meses
Nesta fase de pandemia, nem sempre tem sido possível cumprir estas regras em tempo útil. Esta situação compromete o bom desenvolvimento da aprendizagem da linguagem, em particular, em crianças com algum deficit auditivo.
Mesmo em crianças com patologias do ouvido médio, a espera pelo tratamento, muitas vezes cirúrgico, agrava todo o processo de aprendizagem. É urgente evitar o atraso na intervenção, para não potenciar as consequências negativas.
– Leitura labial
A necessidade do uso das máscaras, devido à covid-19, dificulta a comunicação entre pessoas, principalmente nas que têm perdas auditivas.
A leitura labial é um processo que complementa a comunicação. Através da leitura dos lábios é possível perceber melhor o que os outros dizem. Os contextos mais críticos são os locais ruidosos, ou quando se fala mais baixo. Mesmo as crianças, durante o seu desenvolvimento, vão aprendendo a leitura labial, integrada na aprendizagem da língua falada.
As contingências atuais implicam, ainda, afastamento entre as pessoas, o que faz com que a intensidade da voz recebida seja menor.
– Zumbido
Durante a pandemia tem havido um maior número de queixas de zumbido. Existem algumas hipóteses que podem explicar esta ocorrência: alterações metabólicas, causadas pelas novas rotinas de trabalho, má qualidade de sono e tensão. Também são reveladores os estados de ansiedade e perturbação emocional, provocados pela pandemia, que estão intimamente ligados ao aparecimento do zumbido.
Para alem destas situações, existem ainda relatos de aparecimento de zumbido relacionados com a própria doença.
Um estudo realizado no Reino Unido concluiu que após a contaminação com covid-19, um número crescente de pessoas desenvolveu zumbido pela primeira vez ou viu os seus sintomas piorarem.
– Alterações do sistema audiovestibular como consequência do covid-19
Alguns estudos têm sido publicados, relatando casos de doentes com covid-19 que revelaram agravamento da sua situação auditiva. No American Journal of Otolaryngology, foi concluido, por esses relatos, que a doença não só piorou a audição, como também causou ou agravou a sensação de vertigem e zumbido. Este estudo mostra que o sistema audiovestibular de pessoas infetadas pela covid-19 pode ficar afetado.
O vírus SARS-CoV-2 é, ainda, responsável por casos de surdez súbita, que poderá ser corrigida, se tratada adequada e atempadamente. Caso contrário, pode tornar-se numa surdez irreversível.
Cada um destes focos exige uma reflexão, no sentido de serem criadas condições, para que os problemas sejam minimizados.
[fonte]Referência: https://fonotom.com.br/2021/08/05/covid-perda-auditiva-e-zumbido/; Créditos de Imagem: https://healthcare.utah.edu/healthfeed/postings/2020/images/coronavirus1.jpg [/fonte]