O excesso de peso e a obesidade estão fortemente associados ao aparecimento de cancro da mama. Além disso, o aumento de peso após o diagnóstico é comum, trazendo consigo riscos “escondidos”.
Aumento de peso após o diagnóstico: riscos “escondidos”
O aumento de peso após o diagnóstico de cancro da mama pode ter um impacto negativo na vida das doentes, nomeadamente prejudicando o prognóstico e aumentando os riscos de recidiva e de mortalidade (por todas as causas e não só relativa à doença). O ganho de peso contribui, ainda, para o risco de linfedema, de doenças cardiovasculares, metabólicas e de outros cancros, afetando, também, a auto-estima.
Aumento de peso após o diagnóstico: os dados
De acordo com um estudo publicado no BMC Cancer, com base em dados australianos, 17% das mulheres aumentaram mais de 20 kg após o diagnóstico de cancro da mama e 64% registaram um aumento médio de 9 kg. A percentagem de mulheres obesas ou com excesso de peso passou de 48%, ao diagnóstico, para 67%, aquando a avaliação. Focando-se apenas nas doentes que, quando foram diagnosticadas, tinham obesidade, a percentagem quase duplicou, passando de 17% para 32%. Quando se compararam mulheres das mesmas idades com e sem cancro da mama, 69% das que tinham a doença aumentaram mais 2,4 kg, em 5 anos.
Verificou-se que 57% das mulheres ganharam peso no primeiro ano após o diagnóstico e 77% nos primeiros 18 meses.
Aumento de peso após o diagnóstico: o que fazer?
Face a estes dados, aos quais se juntam outros semelhantes, e considerando a importância de atingir e manter um peso saudável para um prognóstico mais favorável, é inquestionável a sensibilização para a temática.
Deste modo, é importante um acompanhamento adicional de controlo do peso, mediante o encaminhamento das doentes para um nutricionista e para um profissional da área do exercício físico com experiência na área da oncologia, no primeiro ano após o diagnóstico.
São várias as organizações que recomendam o exercício físico em doentes com cancro da mama. A Clinical Oncology Society of Australia refere que este deve ser prescrito a todas as mulheres diagnosticadas com a doença. Esta recomendação não assenta apenas no controlo do peso e minimização dos riscos que o ganho ponderal acarreta mas também no facto do exercício físico ser um tratamento eficaz contra a fadiga, sintoma tão experienciado pelas doentes.
Também a consulta de nutrição, efetuada por um profissional certificado para o fazer é fundamental. Através de uma intervenção personalizada, adaptada às necessidades nutricionais, às características individuais, à história clínica e à sintomatologia de cada doente, o nutricionista vai proporcionar uma redução da morbilidade e uma melhoria da qualidade de vida, favorecendo o prognóstico.
[fonte] Referências: Ee, C., et al. Weight before and after a diagnosis of breast cancer or ductal carcinoma in situ: a national Australian survey. BMC Cancer. 2020; 20(1): 113.;McTiernan A. Weight, physical activity and breast cancer survival. 2018; 77(4): 403-411. Fontes de imagens: https://www.everydayhealth.com/breast-cancer/diet/how-eat-well-while-being-treated-breast-cancer/; https://www.mdanderson.org/publications/focused-on-health/5-ways-to-lower-your-breast-cancer-risk.h26-1592202.html [/fonte]