Cancro da próstata: alterações de peso após o diagnóstico
Entre os homens com cancro da próstata, a obesidade tem sido associada a um maior risco de recorrência, de desenvolvimento de metástases e de maior mortalidade pela doença. Estudos observacionais também sugerem que mesmo um aumento modesto de peso está associado a um aumento dos riscos referidos.
Em Portugal, o cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequente no homem. Estima-se que, em 2018, a taxa de incidência tenha sido de 59,5 por 100 000 habitantes e a taxa de mortalidade de 10,6 por 100 000 habitantes.
Por outro lado, os dados nacionais acerca da obesidade mostram que, em 2015, esta condição afetava 24,9 % dos homens (25-74 anos) e que 45,4 % apresentava excesso de peso.
Cancro da próstata: obesidade após o diagnóstico
A grande maioria dos trabalhos realizados acerca da influência ponderal no cancro da próstata centrou-se no peso ou nas alterações do mesmo na altura do diagnóstico ou perto disso, pelo que pouco se sabe acerca do impacto da obesidade ou do aumento ponderal após o diagnóstico da doença.
Num trabalho muito recente, Troeschel e os seus colaboradores avaliaram a associação entre a obesidade após o diagnóstico e a mortalidade por cancro da próstata. Embora o risco não tenha sido significantemente elevado, verificou-se uma associação positiva significativa entre a obesidade após o diagnóstico e a mortalidade por cancro da próstata em homens com tumores de baixo risco.
Cancro da próstata: alterações de peso após o diagnóstico
Tendo em conta as alterações de peso e não propriamente situações de obesidade, os homens que aumentaram o peso em 5% após o diagnóstico também apresentaram maior risco de morte pela doença, quando comparados com homens que o mantiveram.
Deste modo, observou-se que mesmo os homens com tumores em fases iniciais parecem ter maior esperança de vida, quando, após o diagnóstico, não apresentam um quadro de obesidade e quando mantêm um peso estável.
Cancro da próstata: influência da perda de peso
Estas conclusões conduzem a uma questão importante: se a obesidade e o aumento de peso são fatores de risco para a mortalidade por cancro da próstata, a perda de peso tem um papel protetor?
No mesmo estudo, a perda de peso parece não estar associada à mortalidade por cancro da próstata. Contudo, a ciência tem mostrado uma associação entre perdas de peso de 5% e aumento do risco de morte. Assim, a interpretação dos efeitos da perda de peso precisa ser feita com cautela, já que o facto de a perda de peso poder ser uma consequência da doença é diferente do facto de a perda de peso ser intencional, o que pode conduzir a conclusões contrárias.
Cancro da próstata: composição corporal
Além da avaliação da perda de peso é importante que a composição corporal seja considerada, nomeadamente as massas gorda e magra, as quais são importantes para a saúde. Deste modo, perante alterações de peso, a composição corporal vai conduzir a conclusões mais rigorosas que permitirão intervenções mais corretas.
Cancro da próstata: obesidade e doenças cardiovasculares
Embora neste trabalho recente, não tenha havido associação entre a alteração ponderal após o diagnóstico na mortalidade de doentes com cancro da próstata por doenças cardiovasculares, um quadro de obesidade após o diagnóstico parece estar associado a um aumento significativo do risco de mortalidade pelas mesmas. Este facto é importante, principalmente por estas serem a maior causa de morte não relacionada com o cancro, em doentes com tumores malignos da próstata.
Assim, a obesidade e aumento de peso parece ter um impacto negativo em homens com cancro da próstata, mesmo em fases iniciais, sendo, por isso, fundamental a intervenção neste campo.