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Probióticos e cancro: efeitos e segurança no tratamento

Os probióticos são organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, têm efeitos benéficos na saúde, nomeadamente no tratamento da diarreia, da doença inflamatória intestinal, da síndrome do cólon irritável e de outras doenças intestinais. Alguns probióticos têm um papel importante no equilíbrio das células do intestino e na resposta imunitária, apresentando, ainda, atividade anticancerígena na prevenção e no tratamento.

O papel dos probióticos em oncologia é importante, nomeadamente por: induzirem respostas imunitárias, a morte celular programada (apoptose) e um efeito tóxico para as células cancerígenas; pela atividade antioxidante; pela alteração da expressão genética sem alterarem o ADN e por terem um efeito benéfico no controlo de sintomas secundários aos tratamentos oncológicos.

Efeitos dos probióticos em oncologia

O sistema imunitário atua na prevenção e no controlo do tumor. Ora, os probióticos têm efeitos na modulação imunitária, através da sua ação nos macrófagos e nas células-T, no aumento da atividade das células natural killer e pelo efeito “protetor” da flora intestinal e da sua atividade metabólica. Um bom exemplo aplica-se aos Lactobacillus que, além de outras ações, aumentam a produção de citocinas (IL-2 e IL-12).

Várias espécies de bactérias têm um papel na apoptose, através de diversas vias, o que evidencia o seu controlo no crescimento das células cancerígenas e na morte das mesmas. Mais especificamente, as espécies Lactobacillus acidophilus e Lactobacillus casei parecem favorecer a apoptose de células de cancro colorretal, ao passo que a Propionibacterium freudenreichii mostrou induzir a morte das células de cancro do cólon e do estômago. Além disso, os Lactobacillus aumentam a produção de fatores que inibem a angiogénese, contrariando o desenvolvimento do cancro.

Trabalhos laboratoriais sugerem que os pró-bióticos podem ter uma ação tóxica para as células tumorais. Compostos libertados por algumas bactérias parecem inibir o desenvolvimento da doença, como é o caso do Lactobacillus, em vários tipos de células cancerígenas.

Quanto à atividade antioxidante, os pró-bióticos podem ser eficazes na redução dos danos oxidativos no ADN causados por agentes carcinogénicos, tanto em células como em animais. Esse efeito deve-se, principalmente, a espécies de Lactobacillus, através, por exemplo, do aumento da produção de antioxidantes (SOD, CAT, GSH).

Além do referido, as bactérias probióticas, como Faecalibacterium prausnitzii e Lactobacillus reuteri, produzem butirato, o qual é essencial para a integridade das células do intestino. O butirato é de extrema importância na redução da progressão do cancro, na proteção contra agentes patogénicos e na estimulação do sistema imunitário.

Embora a quimio e a radioterapia sejam os tratamentos de eleição para o cancro, os seus efeitos secundários continuam a ter impacto negativo na qualidade de vida dos doentes. A diarreia e a mucosite são frequentemente verificadas, implicando alterações na dieta. O recurso a probiótipos no pré e no pós tratamento pode proteger as células e os tecidos saudáveis. Um trabalho de revisão publicado em 2014 concluiu que a administração de pró-bióticos reduz a frequência diária média de movimentos intestinais e que pode reduzir a necessidade de medicação para controlo da diarreia, sendo uma causa rara de sépsis.

O papel protetor dos probióticos na diarreia e na mucosite pode dever-se à melhoria do estado imunitário do intestino, por inibirem o crescimento de bactérias patogénicas e por competirem com estas para a ligação às células intestinais.

Segurança dos probióticos no tratamento do cancro

Apesar do referido, é importante avaliar a segurança dos probióticos como agentes terapêuticos. Apesar de serem muito consumidos, podem causar infeções esporádicas e localizadas em doentes imunodeprimidos. Por outro lado, como as infeções são comuns nestes doentes, a microflora tem um importante papel na imunidade, pelo que o recurso a pró-bióticos deverá ser avaliado, no sentido de garantir segurança e eficácia.

[fonte] Referências: Kich DM et al.. Probiotic: effectiveness nutrition in cancer treatment and prevention. Nutr Hosp. 2016; 33(6):1430-1437; Kumar R & Dhanda S. Mechanistic Insight of Probiotics Derived Anticancer Pharmaceuticals: A Road Forward for CancerTherapeutics. Nutr Cancer. 2017;20:1-6; Walker WA et al.. Progress in the science of probiotics: from cellular microbiology and applied immunology to clinical nutrition. Eur J Nutr 2006;45:1-18; Dasari S et al.. Surfacing role of probiotics in cancer prophylaxis and therapy: A systematic review. Clin Nutr. 2016. pii: S0261-5614(16)31333-4. doi: 10.1016/j.clnu.2016.11.017. Redman MG et al.. The efficacy and safety of probiotics in people with cancer: a systematic review. Ann Oncol 2014;25(10):1919e29. Fontes de imagens: http://edbites.com/2013/01/gut-feelings-eds-and-the-microbiome/;http://beforeitsnews.com/blogging-citizen-journalism/2016/02/cancer-breakthrough-probiotics-may-save-patients-from-deadly-chemotherapy-2530862.html [/fonte]

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