O que mudaria em grandes e conhecidas empresas fabricantes de refrigerantes, cosmética ou vestuário se todos nós, sem excepção deixássemos de comprar os seus produtos porque descobrimos que exploram trabalho infantil, poluem a atmosfera ou utilizam ingredientes que nos envenenam lentamente?
Esta é a grande questão que o livro “”, de Daniel Goleman nos leva a formular.
Através do conceito de transparência radical, Goleman equaciona as eventuais vantagens, para consumidores e empresas, de tornar absolutamente claro o impacto ecológico dos produtos que consumimos diariamente. Segundo o autor um determinado produto pode ter consequências adversas a três níveis, interdependentes: Ao nível da geosfera (que incluí o solo, ar, água e clima); da biosfera (os nossos corpos e os das outras espécies assim como toda a flora terrestre) e ao nível da sociosfera (que incluí questões sociais tais como as condições de trabalho).
Perante a ignorância ou, lamentavelmente, indiferença ou má fé dos fabricantes dos produtos que temos ao nosso dispor, resta uma esperança para travar estes efeitos adversos: A “ecointeligência” dos consumidores. Numa sociedade como aquela em que habitamos, onde todos somos, inevitavelmente, consumidores é fundamental que exista uma informação clara a respeito do que consumimos pois uma massa de consumidores esclarecidos e críticos poderá contribuir bastante para travar flagelos como os desastres ambientais, a injustiça, a exploração ou a propagação de doenças profundamente incapacitantes ou prematuramente mortais, como o cancro.
As questões que este livro nos coloca não são de fácil resposta mas devem, obrigatoriamente, ser formuladas porque a Terra que habitamos poderá ter uma incessante capacidade de regeneração mas a vida que nela habita necessita, mais do que nunca de ser preservada. Segundo McCallum, citado por Goleman: “Temos que parar de falar da Terra como estando a precisar de ser curada. A Terra não precisa de ser curada. Nós, é que precisamos.”