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Surdez neurossensorial nas infeções do grupo TORCH

A sigla TORCH é o termo dado a um grupo de doenças infeciosas que podem ser transmitidas ao bebé, durante a gravidez (pela corrente sanguínea), no parto vaginal, ou após o nascimento (através do leite materno). O acrónimo TORCH significa Toxoplasmose, Outras infeções, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes.

Estas infeções são responsáveis por 2 a 3% de todas as doenças congénitas, podendo causar várias complicações, incluindo parto prematuro, atraso no desenvolvimento, malformações físicas e surdez.
Toxoplasmose – doença causada pelo parasita Toxoplasma gondii. A infeção pode ocorrer devido à contaminação de carne, mariscos e ovos crus, ou, ainda, à exposição a fezes de gatos infetados. Pode, também, ser transmitida sexualmente.
Uma das consequências é a surdez neurossensorial. O dano nas vias auditivas relaciona-se com depósitos de cálcio no ligamento espiral e na cóclea.
Outras infeções – as mais comuns são: SIDA, Sífilis, Parvovírus B19, Varicela e Zika.
SIDA: Vírus da Imunodeficiência Humana, transmitido através do contacto sexual ou por sangue infetado. A maioria das infeções ocorre no terceiro trimestre, ou durante o parto, devido à exposição ao sangue materno.
Sífilis: infeção sexualmente transmissível causada por bactérias Treponema pallidum. A via mais comum é o bebé contrair a infeção durante o parto.
Parvovírus B19: vírus do género Erythrovirus, que causa erupções cutâneas vermelhas faciais. Transmite-se através da saliva e muco por tosse ou espirro, ou sangue contaminado.
Varicela: doença altamente contagiosa causada pelo Vírus Varicela-zóster. Pode ser transmitido através da placenta da mãe infetada para o feto em desenvolvimento.
Zika: vírus do género Flavivirus, transmitido por um mosquito infetado. Também pode ser sexualmente transmissível.
Todas estas infeções indicam uma alta prevalência de problemas audiológicos, apresentando, mesmo, uma surdez neurossensorial profunda, o que requer medidas especiais de reabilitação e educação.
Rubéola – infeção viral contagiosa, rara, do género Rubivirus, que se manifesta por erupções vermelhas peculiares. Transmite-se por inalação de partículas de aerossóis contaminadas.
Na maioria dos casos de surdez, esta é profunda e bilateral. Quanto mais precoce for a infeção da mãe, em relação à idade gestacional do feto, mais grave é a doença. Os riscos associados são mais pronunciados durante o primeiro trimestre de gravidez.
Citomegalovírus – vírus da família Herpesviridae. É transmitido através da saliva e outros fluidos corporais. Pode, também, ser transmitido sexualmente. A mãe infetada pode transmitir este vírus para o recém-nascido por via transplacentária ou através do leite materno. É a causa mais frequente de infeção viral congénita. A perda auditiva pode variar de ligeira a profunda, sendo unilateral ou bilateral. A surdez pode estar presente no momento do nascimento ou ser de aparecimento tardio. A surdez está, normalmente, associada a possível lesão de estruturas endolinfáticas e da estria vascular, com consequente desequilíbrio iónico e degeneração de estruturas sensoriais. Cerca de 50% da surdez associada a esta infeção, é de aparecimento tardio, com uma idade média de ocorrência entre os 3 e os 4 anos. Daí, a importância de avaliação audiológica anual até aos 6 anos de idade.

Herpes simplex – do tipo Herpesvírus. Infeção transmitida sexualmente altamente contagiosa. Há maior probabilidade de infetar o recém-nascido durante um parto vaginal. A agnosia auditiva pode ser uma consequência secundária à infeção por herpes simplex.

Infeções por TORCH, em bebés, podem ter efeitos colaterais a longo prazo, após os 2 anos de idade, como, dificuldades de aprendizagem, problemas de visão ou audição e atrasos no desenvolvimento. A identificação dos fatores de risco para a perda auditiva permite um melhor acompanhamento e reavaliação destas crianças, destacando a relevância da triagem auditiva.

Ainda, relativamente à audição, é de destacar a importância do diagnóstico precoce, através das Otoemissões Acústicas e dos Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico, bem como a rápida intervenção em termos de reabilitação. Próteses auditivas e implantes cocleares são os meios mais eficazes, para melhor desenvolvimento da linguagem, da cognição e da socialização infantil.

As infeções por TORCH são diagnosticadas através de exames de sangue, PCR, e culturas virais. Alguns distúrbios podem ser vistos na ultrassonografia pré-natal e diagnosticados antes do nascimento. Exames adicionais, como TAC ou ressonância magnética, podem ajudar a identificar complicações ou efeitos colaterais das infeções do grupo TORCH.

Nem todas as infeções por TORCH são passadas para o bebé durante a gravidez.
O tratamento depende da doença, do momento em que ocorre e da gravidade dos sintomas. Pode incluir antibióticos, antiparasitários ou medicamentos antivirais.
Como prevenção, podem ser referidas algumas medidas durante a gravidez: evitar o contacto com pessoas doentes; lavagem das mãos com frequência; não partilhar bebidas ou utensílios com outras pessoas; evitar viajar para países com maior prevalência de doenças infeciosas; comer carne e ovos totalmente cozidos; beber água potável (fervida ou filtrada) ou frutas e vegetais devidamente lavados.

Referências: TORCH Infections, in: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/23322-torch-syndrome
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