Adoptar um estilo de vida saúdavel

Gostou? Partilhe

(Não) bronzear?

bronzear

Quando passeamos pelas ruas de uma cidade à beira-mar abundante em turismo, é comum vermos pessoas estendidas ao sol a bronzear, tal qual um réptil, e outras que passeiam de sombrinha, óculos, chapéu e, às vezes, luvas como imaginamos que faria o Conde Drácula se tivesse de circular ao sol. Tipicamente a disparidade no comportamento face ao sol relaciona-se com valores de estética socioculturais, mas também é necessário atender às questões de saúde. Neste artigo exploramos diferenças culturais e recomendações para a saúde.

Preferência por tons de pele mais brancos ou claros

Nos países do leste asiático e em alguns países africanos prevalece a preferência por tons de pele brancos ou mais claros. Estes estão ligados à delicadeza e à possibilidade de estar maioritariamente dentro de um edifício, sinalizando um estatuto social mais elevado. Contudo, a falta de exposição solar está ligada à deficiência de vitamina D. Por sua vez, esta deficiência reflete-se em sintomas como fadiga, perda de apetite e baixa densidade óssea. Adicionalmente, os produtos aclaradores de pele usados também têm associações positivas com infeções dermatológicas, e problemas sistémicos.

Preferência por pele bronzeada

Por outro lado, na Europa e na América do Norte, a preferência pela pele bronzeada prevalece, já que este tom se associa à riqueza, à possibilidade de descansar e realizar férias. Infelizmente, a ligação entre o cancro da pele e a exposição solar e/ou o uso de aparelhos de bronzeamento tem evidência robusta na investigação. Na sequência desta descoberta, o uso de proteção solar é altamente sugerido e a utilização de equipamentos de bronzeamento está regulada ou proibida em muitos países europeus.

De facto, a preferência por um tom de pele mais bronzeado é coerente com os resultados encontrados na literatura sobre o que este mesmo tom de pele sinaliza e o efeito que produz nos outros. O tom de pele amarelo-alaranjado parece ser um indicador da nossa saúde, já que os carotenoides que o conferem advêm e mantêm-se através de:

  • Um consumo regular de frutas e legumes
  • Exercício físico aeróbico
  • Uma baixa presença de gordura corporal
  • Sono de qualidade
  • Baixos níveis de stress

Quando expostos à mesma face com uma pele branca e com um tom mais amarelo-alaranjado, 18 dos 21 participantes da investigação de Perrett e colaboradores (2020) preferiram o tom mais amarelo-alaranjado. Os próprios utilizadores de solários que participaram no estudo de Lyons e colaboradores (2021) revelaram que se sentiam mais atraentes quando estavam bronzeados.

Não bronzear ou bronzear?

As recomendações da Organização Mundial da Saúde são muito claras e desaconselham maioritariamente a exposição ao sol ou a raios ultravioleta artificiais. Para mantermos os níveis de vitamina D, “5 a 15 minutos de exposição casual ao sol de mãos, cara e braços, duas a três vezes por semana nos meses de verão basta”.  No entanto, caso não seja o suficiente, existem suplementos que podem apoiar na manutenção dos seus níveis. Podemos conseguir obter um tom de pele amarelo-alaranjado através da dieta e atividade física, o que que não implica a exposição ao sol.

Referências: Chen, H. Y., Robinson, J. K., & Jablonski, N. G. (2020). A Cross-cultural exploration on the psychological aspects of skin color aesthetics: implications for sun-related behavior. Translational behavioral medicine, 10(1), 234–243. https://doi.org/10.1093/tbm/ibz063; Lyons, S., Lorigan, P., Green, A. C., Ferguson, A., & Epton, T. (2021). Reasons for indoor tanning use and the acceptability of alternatives: A qualitative study. Social science & medicine (1982), 286, 114331. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2021.114331 ; Perrett, D. I., Talamas, S. N., Cairns, P., & Henderson, A. J. (2020). Skin Color Cues to Human Health: Carotenoids, Aerobic Fitness, and Body Fat. Frontiers in psychology, 11, 392. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.00392 ; World Health Organization (2022, 21 Junho). Ultraviolet radiation. WHO. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/ultraviolet-radiation
Fotografia por Matheus Vinicius e Catgirlmutant no Unsplash
Reduzir o risco de cancro do pulmão começa com medidas de prevenção que podem ser adotadas por si. Informe-se!
As exostoses do canal auditivo externo ocorrem com maior frequência em surfistas, por exposição repetida à água fria. Saiba como prevenir
Há evidências que sugerem uma relação entre doenças cardíacas e perda auditiva, devido a alterações da hipertensão arterial. Saiba mais.
A surdez pode ter muitas causas e é importante saber quais as vias que podem contribuir para a prevenção da perda auditiva em adultos.