Durante o mês de Maio foram publicadas e apresentadas publicamente as recomendações para o consumo de pescado para a população portuguesa. Estas recomendações resultam de um esforço conjunto de seis instituições, Direção Geral da Alimentação e Veterinária, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Instituto Português do Mar e da Atmosfera e Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. Estas instituições desenvolveram um extenso estudo dos hábitos alimentares dos portugueses e das características das espécies de pescado consumidas, com o objetivo de definir limites seguros para o consumo de pescado.
O pescado, que inclui o peixe, mas também os moluscos e os crustáceos, é uma importante fonte de nutrientes. O consumo adequado de pescado tem sido associado a uma redução do risco cardiovascular, no entanto esta é também uma importante fonte de mercúrio.
Consumo de pescado: mercúrio
O mercúrio é um contaminante ambiental. A forma metilmercúrio é a mais tóxica e corresponde a 90% do mercúrio presente no pescado, sendo o pescado a principal fonte deste contaminante. Os teores de contaminação por metilmercúrio variam de acordo com a espécie, zona geográfica, profundidade das águas e estadio de desenvolvimento. O metilmercúrio é lipossolúvel, o que significa que se dissolve na gordura e não é eliminado pelo processamento dos alimentos. O metilmercúrio é tóxico para o sistema nervoso, digestivo e imunitário e elevadas concentrações têm sido associadas a alterações no neurodesenvolvimento das crianças.
Na definição das recomendações para o consumo de pescado para a população portuguesa, foram tidos em conta os benefícios inegáveis do seu consumo e o consumo necessário para que estes benefícios se verifiquem, tendo em conta os teores de ácido eicosapentaenoico e ácido docosaexaenoico, dois importantes ácidos gordos ómega-3. Foram também tidos em conta os teores de mercúrio presentes nas espécies de pescado consumidas em Portugal.
Consumo de pescado: recomendações
As recomendações apontam para um consumo de pescado para a população geral de 4 a 7 vezes por semana, passando a ser recomendado um consumo entre 3 a 4 vezes por semana para populações vulneráveis como mulheres grávidas, mulheres a amamentar e crianças até aos 10 anos de idade. Tendo em conta o elevado teor de mercúrio de espécies como o atum fresco, o cação, o espadarte, a tintureira, o peixe espada, a maruca e a pota roxa, o seu consumo deve ser mais reduzido do que o de espécies com menores teores como o bacalhau, o carapau, a sardinha, a solha e o tamboril, entre outras.