É bastante comum levantarem-se dúvidas sobre se estamos perante uma alergia ou intolerância alimentar. É importante saber distingui-las, pois apresentam mecanismos fisiopatológicos completamente diferentes e exigem tratamentos distintos. Aprender a identificar as diferenças pode ajudar a melhorar a percepção que temos sobre o funcionamento do corpo e qual é a sua reação a certos alimentos.
A alergia alimentar é cada vez mais comum e a sua prevalência tem vindo a aumentar significativamente nas últimas duas décadas, sobretudo nos países ocidentais.
A lista de alimentos responsáveis na grande maioria dos casos, é relativamente curta. Os alimentos que mais frequentemente causam alergias, sobretudo em crianças, são o leite de vaca, os ovos, o trigo, peixe e marisco, amendoins, nozes e soja.
Uma alergia alimentar ativa rapidamente o sistema imunitário, enquanto uma intolerância perturba a digestão e pode demorar dias para se manifestar.
Por exemplo, no caso do marisco, uma das causas para uma reação alérgica é a proteína tropomiosina. O sistema imunitário identifica essa proteína como uma ameaça ou um invasor e reage drasticamente. Também a alergia aos amendoins, pode ser uma reação a uma das suas várias proteínas.
As reações alérgicas provocadas pelos alimentos podem ser leves: formigueiro na boca, urticária e erupções cutâneas, como podem ser severas com envolvimento sistémico como dificultar a respiração e produzir uma reação anafilática grave. As reações alérgicas, com algumas exceções, quase sempre ocorrem nos primeiros 30 minutos após a ingestão ou exposição ao alimento.
Em contrapartida, as intolerâncias alimentares são definidas como reações não imunes, não estão relacionadas com o sistema imunitário. São mediadas por mecanismos tóxicos ou metabólicos. Na intolerância alimentar, o corpo tem dificuldade em digerir certos alimentos e pode ocorrer rapidamente ou pode demorar e manifestar-se nos dias seguintes.
Por exemplo, a intolerância ao leite é devido à deficiência da enzima lactase. Significa que não tem uma quantidade suficiente da enzima que decompõe a lactose dos laticínios e que costuma estar presente na mucosa intestinal. Também há reações adversas a certos alimentos com alto teor de histamina ou que são ricos em substâncias que libertam a histamina, como acontece com o morango, o chocolate, as bebidas alcoólicas e certos queijos.
A intolerância a certos alimentos pode levar a problemas digestivos, tais como distensão abdominal, diarreia, má disposição e desconforto abdominal.
No video educativo para o canal TED, a médica Jen Gunter explica a diferença entre alergia e intolerância alimentar.
Jen Gunter defende a medicina baseada na evidência. Os seus vídeos têm por missão contribuir para separar os factos da ficção no campo da saúde.
Assista agora ao vídeo completo com legendas disponíveis em português. Envolva-se. Combater ativamente a desinformação que se espalha na internet, através da partilha de conhecimentos baseados em evidências é uma ajuda para restaurar a confiança na ciência, nas instituições ligadas à saúde e promover uma sociedade informada.