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Recobro: hipersensibilidade e perda auditiva

recobro

O recobro é uma condição física do ouvido interno que leva à redução da tolerância à intensidade do som, em frequências associadas a perda auditiva. Ocorre, geralmente, em indivíduos, com perda auditiva coclear. À medida que o volume do som é aumentado, a sonoridade é percebida como estando acima do normal.

As consequências do recobro resultam em dois problemas, que em conjunto retiram qualidade de vida:
1) Os sons chegam ao cérebro com uma elevada intensidade, que se torna perturbadora. Isto deve-se a um mau funcionamento das células ciliadas da cóclea e das suas terminações nervosas, que “aumentam” em demasia esses sons.
2) A audição torna-se mais confusa. É como se os sons se misturassem e fossem enviados ao cérebro de forma pouco nítida.

Ouve-se barulho que causa distorção e desconforto. Esta condição leva a uma reduzida inteligibilidade da fala. Daí que as pessoas afetadas refiram que “ouvem, mas não percebem…”. Normalmente, o recobro ocorre mais nas altas frequências, que são as mais críticas para a compreensão da fala.
Esta situação ainda se agrava em ambientes ruidosos. Ouve-se tudo o que é ruido, mas a fala das pessoas perde-se completamente.

Muitos dos pacientes com recobro, têm, ainda, associada a presença de zumbido, o que confunde ainda mais a perceção.
As causas mais comuns são as patologias cocleares, como sejam doença de Ménière, ototoxicidade, otosclerose coclear e presbiacusia, entre outras.

O diagnóstico é feito, basicamente, através de audiograma tonal e vocal, de reflexos estapédicos, de testes supraliminares e de exames eletrofisiológicos. No audiograma tonal, determina-se o traçado do limiar auditivo (limiar mínimo audível, para cada frequência de 128 Hz a 8kHz). De seguida determina-se o limiar de desconforto (nas mesmas frequências, o limiar a partir do qual o som se torna desconfortável). A diferença entre estas duas curvas é chamada gama dinâmica. Quanto maior for esta diferença, melhor se percebem os sons. O audiograma vocal permite determinar a percentagem de palavras percebidas corretamente. A pesquisa de reflexos estapédicos tem como objetivo averiguar a integridade do músculo estapédico, da cóclea e do nervo auditivo. Analisa a possibilidade da existência de recobro, quando o reflexo se revela com estimulo menor que 60 dB acima do limiar auditivo. Os testes supraliminares incluem o teste de Fowler e o SISI (short increments sensitivity índex). O primeiro baseia-se na comparação da sensação de intensidade entre os dois ouvidos; o ouvido com recobro necessita de menor incremento de intensidade que o normal, para ter o mesmo nível de sensação auditiva. O SISI permite calcular a percentagem de reconhecimento de pequenos incrementos de som, na ordem de 1 dB. As frequências preferenciais vão de 2 a 4 kHz. Em lesões cocleares, com recobro, há uma melhor perceção dessas pequenas variações de intensidade. Geralmente, indivíduos normais têm mais dificuldade em reconhecer incrementos de 1 dB. É de referir, que pessoas treinadas para a música, podem ter facilidade neste reconhecimento, o que não quer dizer que tenham recobro. A presença de recobro também pode ser confirmada a partir de exames auditivos eletrofisiológicos, nomeadamente, potenciais evocados auditivos do tronco encefálico e eletrococleografia.

Nos pacientes com perda auditiva coclear e recobro, que necessitem de aparelhos auditivos, a adaptação nem sempre é fácil. O problema relaciona-se com a gama dinâmica. Se esta for muito reduzida, toda a perceção dos sons fica comprometida. Aparelhos mais sofisticados permitem uma programação de forma a evitar que o som se amplie numa determinada faixa desconfortável. Aparelhos auditivos com circuitos de “compressão” permitem comprimir sons na faixa frequencial específica, para ultrapassar este problema. Mesmo assim, muitas vezes, o resultado em termos de perceção da fala, não é tão favorável como seria desejável.
Assim, o recobro continua a ser um dos principais desafios da reabilitação auditiva.

[fonte]Referência: Stephen Nagler’s, Hyperacusis or Recruitment? https://hyperacusis.net/what-is-hyperacusis /hyperacusis-or-recruitment/; Créditos de imagem: https://www.helpingmehear.com/wp-content/uploads/2018/09/brain-hearing-1024×640.jpg [/fonte]

 

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