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O trabalho da tristeza – uma emoção com um objetivo adaptativo

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A tristeza é uma emoção tipicamente considerada desagradável que tendemos a querer evitar. Contudo, tal como outras emoções, ela desempenha um trabalho essencial. A tristeza tem um objetivo adaptativo de comunicar necessidades pessoais, quer a nós mesmos, quer aos outros. Perante uma perda, tal como o surgimento de uma doença, que implica uma perda de saúde, esta emoção deve ativar mudanças em nós.

Quando ficamos tristes?

A investigação na área das emoções tem sugerido que ficamos tristes quando temos de lidar com perdas irreversíveis de:

  • Objetivos (por exemplo, não conseguir ter um filho)
  • Recursos (por exemplo, um trabalho)
  • Capacidades (por exemplo, deixar de conseguir andar por causa de uma doença)
  • Pessoas (por exemplo, devido ao fim de uma relação romântica ou à morte)

Características da tristeza

Algumas características da tristeza são visíveis, tais como:

  • Parte interior da sobrancelha levantada
  • Cantos da boca rebaixados
  • Lentidão nos movimentos
  • Postura curvada
  • Choro

Outras estão mais associadas à experiência interior da pessoa:

  • Sensação de angústia
  • “Dor psicológica”
  • Pensamentos negativos

Apesar destas características estarem mais tipicamente ligadas à tristeza, importa lembrar que uma pessoa pode estar triste e não apresentar necessariamente estes sinais.

Então qual é o trabalho da tristeza?

Ao longo da nossa evolução enquanto espécie humana, a tristeza mantém-se porque é útil. O trabalho da tristeza é duplo. Em primeiro lugar, ela tem como objetivo sinalizar através das nossas expressões e comportamentos às outras pessoas de que precisamos de suporte social. Em segundo, a tristeza visa promover a nossa adaptação a uma situação de perda, despoletando a alteração dos nossos pensamentos, por forma a compreendermos as implicações da nossa perda, a desmontarmos crenças irrealistas e a criarmos novos objetivos. Além disso, também pode promover a mudança de comportamentos.

Tristeza ou problema de saúde mental?

Se esta tristeza se prolongar e der origem a dificuldades no funcionamento social e ocupacional da pessoa, então é possível que estejamos perante um problema de saúde mental. Em caso de dúvida é pertinente contactar um profissional de saúde mental para que este faça uma avaliação.

Estar atentos à nossa tristeza e perceber de onde ela vem, se está a trabalhar conosco para recebermos apoio de outros e mudarmos é essencial para o nosso funcionamento adaptativo.

Referências: rias, J. A., Williams, C., Raghvani, R., Aghajani, M., Baez, S., Belzung, C., Booij, L., Busatto, G., Chiarella, J., Fu, C. H., Ibanez, A., Liddell, B. J., Lowe, L., Penninx, B., Rosa, P., & Kemp, A. H. (2020). The neuroscience of sadness: A multidisciplinary synthesis and collaborative review. Neuroscience and biobehavioral reviews, 111, 199–228. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2020.01.006; Karnaze, M. M., & Levine, L. J. (2018). Sadness, the Architect of Cognitive Change. In: Lench, H. (eds). The Function of Emotions (pp. 45-58). Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-77619-4_4
Fotografia por Nik Shuliahin no Unsplash
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