Colesteatoma: sintomas, tratamento e prevenção de recidivas

O colesteatoma é um tumor benigno do ouvido, caracterizado por crescimento anormal de pele. Na maior parte das vezes ocorre no ouvido médio, podendo, no entanto, aparecer no canal auditivo externo.

De acordo com a etiologia, o colesteatoma pode ser classificado como congénito ou adquirido.
O colesteatoma congénito (2 a 4% dos casos) está presente no ouvido desde o nascimento. Desenvolve-se no bebé durante a gestação. Na otoscopia é possível observar-se uma massa esbranquiçada, atrás da membrana timpânica.
O colesteatoma adquirido resulta frequentemente de perfuração timpânica ou de otites de repetição, muitas vezes não detetadas nem devidamente tratadas. O crescimento anormal de células dentro do ouvido propicia o desenvolvimento de bactérias e fungos, agravando as infeções no ouvido. Em muitos casos, o colesteatoma pode ser indolor e permanecer despercebido por muito tempo.
Os sintomas mais comuns do colesteatoma adquirido incluem:
• Secreção e odor forte do ouvido
• Sensação de pressão, desconforto e dor
• Surdez, zumbido e vertigem.

Quando o colesteatoma não é devidamente tratado, e continua a crescer, pode causar complicações muito graves, podendo colocar a vida da pessoa em risco. A doença destrói as estruturas ósseas do ouvido médio e nervos associados, em particular o nervo facial. Pode, por isso, provocar paralisia facial. Existe, ainda, como complicação, a labirintite, que é uma inflamação do ouvido interno. O facto de o ouvido ser separado do cérebro por uma pequena estrutura óssea representa um risco adicional. Quando o colesteatoma está em estado avançado de evolução pode levar a meningite, abcessos cerebrais e à morte.

O diagnóstico deve ser feito por um médico otorrinolaringologista que poderá solicitar ressonância magnética ou tomografia computorizada. Estes exames servem para determinar a extensão do tumor e indicar complicações associadas. Além disto, é necessário a realização de audiograma para avaliar o impacto do problema na capacidade auditiva. O colesteatoma pode resultar em perda auditiva parcial, ou mesmo total.
O médico poderá ter necessidade da fazer uma limpeza cuidada do ouvido e prescrever medicação adequada. No entanto, o tratamento passa, na maior parte das vezes, pela intervenção cirúrgica. Este procedimento visa remover completamente o tumor. Deve ser feito o mais cedo possível, para evitar danos mais graves, como a destruição dos ossículos, alteração da audição, do equilíbrio ou da função dos músculos faciais. Em casos mais avançados da doença, pode, ainda, ser necessária a reconstrução dos danos provocados pelo colesteatoma, na cadeia ossicular ou no nervo facial. É muito importante que sejam feitas avaliações periódicas para confirmar que a remoção foi completa e que o colesteatoma não recidiva.

Frequentemente, quando já existe perda auditiva, esta pode ser restaurada durante o procedimento cirúrgico. Mas, se o mesmo não for possível, existe o recurso a próteses auditivas convencionais ou osteointegradas.

Relativamente à prevenção, não há como evitar o colesteatoma congénito. Contudo, os pais precisam de estar atentos, para que a condição seja identificada e tratada rapidamente, evitando assim danos maiores. Já em casos de colesteatoma adquirido, a melhor forma de prevenir é tratar adequadamente as infeções do ouvido e as perfurações timpânicas. Quanto mais cedo o colesteatoma for tratado, maior a probabilidade de preservar a audição e evitar situações mais complicadas.
Quando o diagnóstico é adequado, as possibilidades de total remoção cirúrgica são elevadas. Daí a importância duma correta avaliação por parte do médico otorrinolaringologista, na presença dos sintomas. E o mais importante: consultas de rotina para prevenir eventuais recidivas.

Fonte de informação: https://www.cabecaepescocosp.com.br/colesteatoma/; Créditos de imagem: https://www.chadruffinmd.com/cholesteatoma

Fernanda Gentil é Audiologista na Clínica ORL Dr. Eurico Almeida e Coordenadora da Widex Centros Auditivos – Porto. Licenciada em matemática aplicada – ramo de ciência de computadores, pela FCUP. Professora Adjunta do curso de Audiologia, na ESS do Porto. PhD em Ciências de Engenharia pela FEUP. Investigadora e orientadora de teses de Mestrado e Doutoramento, na FEUP. Os seus principais interesses relacionam-se com a Audiologia e Reabilitação Auditiva, assim como simulações matemáticas de modelos computacionais do ouvido. Fernanda Gentil is Audiologist at the ORL Clinic Dr. Eurico Almeida and Coordinator of Widex-Porto. Degree in Applied Mathematics - Computer Science, FCUP. Audiology Professor at ESS, Porto. PhD in Engineering Sciences, FEUP. Researcher and advisor of Master's and PhD theses at FEUP. His main interests are related to Audiology and Auditory Rehabilitation, as well as mathematical simulations of computational models of the ear.