A consulta de nutrição é parte importante do tratamento oncológico. Não há nenhum alimento ou regime alimentar com capacidade para matar células cancerígenas ou curar o cancro, porém há escolhas alimentares que se fazem e que podem ter um grande impacto durante o tratamento de um cancro. Há certas alterações na dieta com capacidade para aliviar os efeitos colaterais e ajudar a manter um bom estado físico, gerando algum bem-estar durante o tratamento.
Por esta razão, o oncologista deve referenciar o doente oncológico para uma consulta com um nutricionista, que o deve acompanhar em todas as fases do tratamento. Ou, quando o doente está mais informado, deve solicitar à sua equipa médica, a indicação de que pretende ser acompanhado por um nutricionista.
Se é a primeira vez que vai a uma consulta com um nutricionista, deve ir preparado e aproveitar esse momento ao máximo. Leve consigo algumas informações. Por exemplo, fotografias de vitaminas ou suplementos que está a tomar; uma lista de todos os efeitos secundários que tem vindo a experimentar e em que condições ocorrem, para que o nutricionista possa fazer alterações à dieta, com o objetivo de aliviar alguns efeitos como fadiga, náuseas, dores de estômago e dores de cabeça; um registo do que anda a comer para que o nutricionista possa perceber o seu padrão alimentar.
Durante a consulta de nutrição oncológica, o seu nutricionista fará uma avaliação nutricional para se inteirar dos hábitos alimentares e uma avaliação física, além de compreender o que tem vindo a sentir.
A avaliação física permite que o nutricionista compreenda se perdeu peso e, em caso afirmativo, se é significativo ou não, para procurar sinais de desnutrição. A perda de gordura e a perda muscular são os sinais mais comuns de desnutrição, mas a avaliação física pode incluir ainda outros sinais de desnutrição com a observação da boca, olhos, pele e unhas.
De acordo com o tipo de cancro, alguns estudos mostram que cerca de 85% dos doentes sofrem de desnutrição em alguma etapa do tratamento, 40% perdem mais de 10% do peso corporal e mais de 50% apresentam anorexia.
Depois da 1ª consulta, a consulta de acompanhamento periódico ajudará a sentir-se orientado, com mais confiança para ultrapassar momentos diferentes que requerem objetivos diferentes. Passará a prestar mais atenção ao modo como se alimenta e o que o afeta mais. O tratamento é um processo e as necessidade nutricionais devem ser adaptadas para acompanhar adequadamente os diferentes períodos desse processo. Por isso, não tenha receio de fazer perguntas ao seu nutricionista.
Durante o tratamento, é natural que o objetivo seja contornar os efeitos secundários dos tratamentos e a preservação da massa muscular. Depois do tratamento, deve concentrar-se em outros objetivos, como por exemplo adotar comportamentos alimentares e uma dieta saudável para reduzir o risco de recorrência.
[fonte]Referências:Ryan, A. M., Power, D. G., Daly, L., Cushen, S. J., Bhuachalla, Ē. N., & Prado, C. M. (2016). Cancer-associated malnutrition, cachexia and sarcopenia: the skeleton in the hospital closet 40 years later. Proceedings of the Nutrition Society, 75(2), 199-211. [/fonte]