A atitude na prática do yoga

O yoga que se pratica hoje em dia em muitos locais, assemelha-se em muito a uma simples atividade física, em que os alunos consideram que é importante suar, hiperventilar e manter um movimento constante. Há uma visão generalizada do culto do corpo, espelhada pela flexibilidade e pela prática de posturas de grande exigência física, mas que muitas vezes prejudicam mais do que beneficiam, as articulações, os músculos e problemas de lateralidade do corpo do praticante.

O yoga é na sua essência uma prática física, que estabelece a ligação entre corpo e mente. A prática do yoga é saber escutar o corpo, saber escutar a mente. Na realização de uma asana (postura de yoga), o objetivo não é criar um corpo perfeito, o objetivo é saber entender o corpo, olhar o corpo como o templo daquilo que se é como pessoa, a nível emocional, racional e espiritual.

É importante que a aula de yoga seja construída de forma a manter esta atenção mental. A classe de yoga deve ser percebida como um momento de autodescoberta. Esta atitude de saber escutar, de olhar o corpo e a mente na perspetiva da inteligência emocional é fundamental, para se crescer enquanto indivíduo.

O objetivo da aula de yoga é criar no aluno uma atitude positiva e de bem-estar que lhe permita sentir-se bem consigo próprio e com o mundo que o rodeia. O conhecimento e a verdade são o caminho para a paz interior e para apreciar a vida e reconhecer com objetividade aquilo que se é, aquilo que se deseja ser, qual o caminho que se pretende percorrer, para sentir felicidade e harmonia.

Assim, é importante começar uma aula de yoga com uma prática de relaxamento para que a mente se acalme e se foque na atividade que vai realizar. Perceber uma respiração suave e profunda, ajuda a aliviar o stress, a fadiga e a saber escutar o corpo, procurando zonas de tensão e relaxando-as.

Com o relaxamento inicial cria-se o ambiente para se iniciar a prática do yoga, já que o aluno fica predisposto a manter uma atitude de concentração sobre o momento presente, percebendo o que o corpo lhe oferece e de que modo pode ultrapassar de forma harmoniosa e sem esforço exagerado as limitações do corpo.

Esta atitude leva à perceção de um ritmo respiratório e cardíaco mais lento, a uma melhor capacidade de oxigenar as células, a uma melhoria do sistema circulatório e a uma modificação das ondas cerebrais, que abandonam o fluir constante de pensamentos, para se manterem mais focadas no momento presente.

Quando a mente se encontra focada na atividade do corpo e na forma como se respira, estabelecendo a ligação entre movimento e respiração, criam-se as condições para experimentar sensações de coordenação, fluidez, quietude, consciência do momento, consciência das sensações que o corpo oferece, perceber os níveis de concentração da mente no momento presente e de descobrir como o corpo se pode transformar, através da prática consciente e regrada das posturas.

Na prática do yoga, não existe uma fórmula absoluta para praticar uma postura, ela tem de ser percebida sobretudo pela disponibilidade mental e só depois pela capacidade física do praticante.

Na minha atividade diária como professora escuto muitas vezes os alunos a dizer que não conseguem fazer uma postura, ou parte dela. O caminho que se deve mostrar ao aluno, não é apoiar essa forma de pensar, mas levá-lo a experimentar a postura de forma gradual, ultrapassando os seus limites e percebendo que a respiração profunda e fluída, alivia a tensão da zona do corpo que se considera limitada. Utilizando esta forma de estar assiste-se  a uma gradual disponibilidade mental para que o corpo obtenha o resultado que no início lhe parecia impossível de alcançar. Tem de haver uma união entre mente e corpo e sobretudo perceber que os limites físicos que se constroem, podem ser destruídos quando se tornam conscientes e quando se percebe de que forma podem ser ultrapassados. A base e a fórmula para os ultrapassar é ter consciência do corpo, da mente e da respiração.

Créditos da imagem: https://eventos.guatemala.com/talleres-conferencias/taller-de-yoga-en-pareja-por-el-dia-del-carino-febrero-2018.html 

Alexandra Pereira, professora de yoga através da AIPYS-Asociación Internacional de Profesores de Yoga Sananda, Espanha 2000. Licenciada em Filosofia (FLUP 1988). Mestrado em Filosofia: “A filosofia do yoga: da prática a uma filosofia de vida” ( FLUP 2019) Exerce a sua actividade profissional de professora de yoga em Vidya-Academia de Yoga do Porto (Desde 2001). Dirigiu e ministrou cursos de Formação: "Curso de Professores de Yoga" (desde 2010 a 2016) e "Curso de Monitor de Yoga para técnico de SPA" (2013). Os seus atuais interesses de investigação, relacionam-se com as doenças autoimunes e cancro, e no contributo que a prática de yoga oferece para melhorar a condição física, mental e psicológica do praticante. Curso de especialização ("Yoga for Cancer Survivors" 2013). Alexandra Pereira, yoga teacher through the AIPYS-Asociación Internacional de Profesores de Yoga Sananda, Spain 2000. Specialization course ("Yoga for Cancer Survivors" 2013). Licenciate in Philosophy (FLUP 1988). Master Philosophy: “The Philosophy of Yoga: From Practice to a Philosophy of Life” (FLUP 2019) Professional activity: yoga teacher at Vidya-Academia de Yoga do Porto (since 2001). Direted and teached training Courses: "Yoga Teacher Course" (from 2010 to 2016) and "Yoga Monitor Course for SPA Technician" (2013). My current research, is relate to autoimmune diseases and cancer, and the contribution that the practice of yoga offers to improve physical, mental and psychological well-being in student.