Alimentos ultra-processados e o risco de cancro: ponha-os de lado

Consumir regularmente alimentos ultra-processados contribui para um aumento no risco de cancro.

Os resultados de um estudo de coorte de base populacional, de grande dimensão, envolvendo 104.980 adultos sugerem que o consumo de alimentos ultra-processados, com uma proporção de 10% do total da alimentação diária, está associado a um aumento significativo em cerca de 12% para o cancro, em geral, e em 11% para o cancro da mama.

Outras investigações anteriores já tinham avançado sobre uma ligação concreta entre o consumo deste tipo de alimentos e o risco aumentado de distúrbios cardiometabólicos como a obesidade, a hipertensão e a dislipidemia.

Os ultra-processados foram ganhando terreno nas últimas décadas. Tornaram-se produtos de eleição pela sua longa duração e por facilitar as rotinas diárias. Um ultra-processado dá um lanche rápido, sem sujar nada. Dá uma refeição sem perder tempo, que se come à mão e em qualquer lugar. Mas as vantagens destes produtos como a facilidade, a rapidez, não “perder” tempo na preparação das refeições, carregam outras características: maior densidade calórica e baixa qualidade nutricional.

Estes produtos contêm altos níveis de açúcares adicionados, gorduras saturadas, sal e aditivos. A estes, juntam-se compostos químicos formados durante o processamento industrial pela fritura e hidrogenação. Através desses processos, criam-se contaminantes com atividade cancerígena, como a acrilamida, as aminas heterocíclicas e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Os alimentos naturais estão livres de todos estas substâncias.

Refrigerantes, pães adocicados, nuggets de frango e peixe (conhecidos por douradinhos), chips, bolachas, donuts, outras massas embaladas, flocos de cereais, batidos à base de leite, sopas instantâneas e molhos, carnes processadas, pizas pré-confeccionadas e tantas outras “coisas” industrialmente processadas, apresentam, por vezes, mais de 30 ingredientes que são químicos sintéticos.

Comece por observar atentamente a lista de ingredientes dos produtos alimentares que habitualmente compra. Estabeleça um objetivo familiar e reduza gradualmente o consumo destes produtos. E rompa com hábitos de consumo nefastos que põem em risco a sua saúde.

Escolha alimentos naturais, frescos, de preferência locais e sazonais.

Referências: Fiolet, T., Srour, B., Sellem, L., Kesse-Guyot, E., Allès, B., Méjean, C., … & Hercberg, S. (2018). Consumption of ultra-processed foods and cancer risk: results from NutriNet-Santé prospective cohort. bmj360, k322.

Margarida Vieira, nutricionista, licenciada em Ciências da Nutrição (FCNAUP-1991), mestre em Nutrição Clínica (ISCSEM-2008). Doutorada em Estudos da Criança, na especialidade de saúde infantil pela Universidade do Minho. Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas com a cédula profissional nº 0052N. Investigadora na Fundação para a Ciência e Tecnologia (2011-2015). Membro do Centro de Investigação em Estudos da Criança – CIEC. Desenvolve a sua atividade na Investigação e na área da Nutrição Clínica. É autora e coordenadora de projectos de prevenção primária na área da saúde, bem como na organização e dinamização de seminários sobre hábitos alimentares saudáveis, predominantemente em ambiente escolar. Os seus atuais interesses de investigação, são no domínio da promoção e da comunicação para a saúde, na prevenção do cancro e de outras doenças crónicas. Responsável pela conceção e coordenação de campanhas para a prevenção do cancro. Trabalhou no Marketing Farmacêutico e especializou-se em Gestão e Comunicação da Marca (IPAM – 2003). Autora e fundadora do Stop Cancer Portugal, adotar um estilo de vida saudável. Usa o novo acordo ortográfico. Margarida Vieira, nutritionist, is PhD in Child Studies of the University of Minho. Member collaborator of the Research Centre for Child Studies - CIEC. 
She is author and coordinator of projects for primary prevention in health care as well as in the organization and promotion of workshops on healthy eating habits in the schools. Her current research interests are cancer prevention and other chronic diseases and health communication.
 Responsible for the design and coordination of the awareness of campaigns for the prevention of cancer. Worked in Pharmaceutical Marketing and specializes in Brand Management and Communication. Author and Founder of Stop Cancer Portugal Project.