Quando entro num hospital, especialmente num hospital público, deparo-me, normalmente, com salas de espera lotadas, instalações inadequadas e escuras com odores pouco agradáveis, e pergunto-me. Será que este ambiente terá algum impacto na saúde física e mental dos doentes? Haverá alguma influência na recuperação dos doentes internados? E que consequências terá nos profissionais que lá trabalham?
Penso que estas questões são pertinentes. Já no séc. XIX, a enfermeira britânica, Florence Nightingale, defendia que o meio ambiente em que as pessoas estão inseridas teria um grande impacto na saúde a nível físico e mental. Reconheceu que, para que os doentes tivessem uma melhor recuperação, os hospitais deveriam ter ventilação adequada, uma diminuição dos odores e, sobretudo, terem bastante luz natural com janelas para o exterior.
Nightingale acreditava que para uma integração em ambiente hospitalar seria necessário salas arejadas com vistas para espaços ao ar livre.
Mais de 150 anos depois em Portugal, o impacto da estética do ambiente hospitalar sobre os doentes e a cura ainda está pouco explorado. O novo espaço e modo de habitar decorre de uma ampla discussão emergente dos estudos científicos, mas que ganha uma maior dimensão quando transposto para o domínio da arquitectura. A evolução dos ideais da arquitectura terão um excelente ensaio nos projetos hospitalares que contribuírão, em grande parte, para consolidar o novo modo de projectar e de entender as regras do bem-estar dos doentes e dos seus profissionais.
[fonte]Créditos da imagem: Centro de Saúde/Nort Architects/Adam Mork [/fonte]