Artralgia é definida como dor ou rigidez nas articulações. É uma queixa frequente em pelo menos 50% das doentes com cancro da mama, 6 meses após iniciarem quimioterapia oral com inibidores da aromatase.
A artralgia é, de facto, uma reação adversa prevista do tratamento com inibidores da aromatase de terceira geração: o anastrozol, o letrozol e o exemestano.
No tratamento do cancro da mama, os inibidores da aromatase constituem um marco importante. No entanto, os efeitos desta classe terapêutica devem ser monitorizados pela desmineralização óssea que causam.
O exercício físico ainda não é, devidamente, reconhecido como uma parte importante do tratamento do cancro. Há uma noção muito enraizada de que os doentes com cancro submetidos a quimioterapia devem evitar fazer qualquer tipo de esforço. Em 1989 uma investigação pioneira demonstrou que o exercício aeróbio era viável, seguro e benéfico em doentes com cancro da mama, submetidos a quimioterapia.
Atualmente, há bases científicas sobre a prescrição de exercício físico durante um tratamento oncológico porque pode diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia.
Os resultados do estudo HOPE, publicados no Journal of Clinical Oncology, sustentam a prescrição do exercício físico para aliviar a artralgia das sobreviventes tratadas com inibidores da aromatase.
O estudo HOPE mostrou que o exercício é efetivo na melhoria da artralgia induzida pelos inibidores da aromatase. A melhoria da dor observou-se após 3 meses do programa de exercícios. No entanto, o maior benefício ocorreu nas mulheres que seguiram o programa durante 12 meses, com uma redução em 30% das dores articulares.
O programa de exercícios implementado em 12 meses baseou-se numa combinação de treino de resistência, duas vezes por semana num health club, acompanhado por 150 minutos semanais de exercício aeróbio realizado em casa e que consistia principalmente na caminhada rápida (tapete ou exterior), embora as participantes pudessem escolher outros exercícios aeróbicos, como a bicicleta de ginásio.
Depois de um cancro de mama, apesar de muitos efeitos secundários persistirem depois dos tratamentos e do desgaste psicológico, a sobrevivência é o objetivo principal. Por isso, obter uma orientação adequada com o apoio do oncologista e seguir um programa com benefícios é um passo fundamental para a recuperação.
[fonte]Referências: Coleman, R. E. (2003). Current and future status of adjuvant therapy for breast cancer. Cancer, 97(S3), 880-886.; MacVicar MG, Winningham ML, Nickel JL. Effects of aerobic interval training on cancer patients’ functional capacity. Nurs Res. 1989;38:348-51.; Irwin, M. L., Cartmel, B., Gross, C. P., Ercolano, E., Li, F., Yao, X., … & Harrigan, M. (2014). Randomized exercise trial of aromatase inhibitor–induced arthralgia in breast cancer survivors. Journal of Clinical Oncology, 33(10), 1104-1111. [/fonte]