Iodo 131 no diagnóstico e terapia do cancro da tiróide
O iodo 131 (131I) é um isótopo radioativo, produzido num reator nuclear e que é vulgarmente utilizado no diagnóstico e terapia de algumas patologias da tiróide.
O iodo é essencial para a formação das hormonas T3 e T4
Cerca de 80% do iodo presente nos mamíferos concentra-se na glândula tiroideia, local onde ocorre a síntese da hormona triiodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4). Para a síntese destas hormonas reguladoras do metabolismo humano é essencial que ocorra o transporte do iodo para o interior das células da tiróide, onde o iodo se combina com resíduos de tirosina, dando assim origem às hormonas T3 e T4.
O iodo 131 pode ser utilizado no diagnóstico e tratamento do cancro da tiróide
A utilização do iodo radioativo como agente de diagnóstico e terapia baseia-se no facto das células da tiróide não serem capazes de diferenciar o iodo estável do iodo radioativo, partilhando os mesmos sistemas de captação e metabolismo intracelular. De facto, as propriedades químicas do iodo 131 são similares às do iodo estável, participando por isso o radioisótopo nos inúmeros processos metabólicos atribuídos ao iodo estável. No entanto, as características físicas do iodo 131, largamente determinadas pela emissão de radiação gama e beta, permitem a sua utilização no diagnóstico e tratamento de doentes na área da Medicina Nuclear.
Uma vez que o iodo 131 emite radiação gama, é possível utilizar este radioisótopo no diagnóstico do cancro da tiróide, em paralelo com a sua utilização terapêutica. Desta forma, após administração do iodo 131 ao doente e posterior deteção da radiação emitida através de aparelhos dedicados, é possível obter uma imagem funcional da tiróide.
Por outro lado, o iodo radioativo é também um emissor de radiação beta capaz de destruir as células cancerígenas devido à sua energia, sendo por isso vulgarmente utilizado na terapia do cancro diferenciado da tiróide (iodoterapia). Vale a pena referir que os inconvenientes deste tratamento estão relacionados com a sua reduzida disponibilidade, o seu elevado custo e a necessidade de hospitalização do doente. De facto, por possuir um tempo de meia vida de cerca de 8 dias, é essencial que o doente submetido a iodoterapia se mantenha afastado de outras pessoas, reduzindo assim a sua exposição à radiação. Durante este período, dá-se o decaimento radioativo e a eliminação do iodo, que é estimulada pela ingestão de líquidos e consequente produção de urina e suor.