Kefir: as propriedades anticancerígenas
O kefir é um tipo de leite fermentado obtido a partir de grãos de kefir que podem ser adicionados a qualquer tipo de leite.
Os grãos de kefir são compostos por bactérias e fungos num total de 37 espécies diferentes de microrganismos que ao fermentar o leite, originam um produto probiótico.
A simbiose entre os microrganismos presentes torna o kefir diferente de todos os outros leites fermentados e com uma série de possíveis efeitos benéficos: propriedades antibacterianas e antifúngicas, benefícios para o trato digestivo, nos níveis de colesterol e na prevenção do aparecimento de alguns tipos de cancro. Além disso, há estudos a sugerir várias propriedades anticancerígenas do kefir.
Ação anticancerígena do kefir
Num artigo de revisão recente acerca deste leite fermentado e do seu papel no tratamento do cancro, os autores incluíram 11 trabalhos científicos, dos quais 7 tinham sido elaborados com células e 4 em modelos animais. Os autores verificaram que a ação anticancerígena do kefir pode estar relacionada com a presença de uma série de componentes bioativos, como alguns péptidos, polissacáridos e esfingolípidos (por exemplo as esfingomielinas), os quais têm papéis significativos em diversas vias de sinalização e regulação do crescimento das células cancerígenas, da morte celular programada (a apoptose) e da transformação.
No que diz respeito aos péptidos, estes são libertados no processo de produção do kefir e parecem atuar na apoptose, através de dois processos distintos. Um deles, através da produção, no interior da célula cancerígena, de espécies reativas de oxigénio, as quais ativam a cascata das caspases e, logo, vão provocar a morte da celular. Outro processo tem por base a ativação das endonucleases dependentes de Ca/Mg (cálcio/magnésio), responsáveis pela “quebra” do ADN, durante a apoptose. A natureza destes péptidos, em termos de carga, faz com que a sua ação seja restrita às células cancerígenas, poupando as células saudáveis.
Quanto aos polissacáridos presentes nos grãos de kefir, podem exercer o seu efeito anticancerígeno através da ativação dos macrófagos, as células “assassinas” que integram o sistema imunitário inato, e de algumas populações de linfócitos T que libertam o fator de necrose tumoral provocando a morte das células do tumor.
O kefir pode induzir a morte celular ainda de outras formas: através da inibição de TGF-a, responsável pela proliferação das células cancerígenas, e através do estímulo de TGF-b, um elemento que induz a apoptose. Além disso, o kefir, através do importante papel na inibição de genes supressores da destruição celular e no estímulo de outros que funcionam como ativadores, pode promover a morte das células malignas.
As esfingomielinas presentes no kefir, por sua vez, aumentam a produção do interferão b, uma citocina com efeitos na inibição da proliferação das células tumorais.
Os resultados não são ainda suficientes para validar todos esses efeitos, tendo em conta que não foram efetuados estudos em humanos. No entanto, apesar de limitados, os dados incluem o kefir como um adjuvante promissor no tratamento do cancro.
30, Setembro, 2016 @ 16:03
Eu tenho uma dúvida sobre o Kefir, que eu tomei religiosamente durante alguns anos, mas deixei de o fazer após me surgir esta dúvida: Será que o Kefir conseguirá anular os malefícios da caseína do leite? Deixei o leite por causa da tal caseína, e consequentemente deixei também o Kefir. Se me puderem esclarecer este assunto, fico muito grata.
ML