A terapia combinada, que visa a utilização simultânea de duas ou mais terapias, tem sido largamente utilizada no tratamento de diversas patologias, das quais o cancro é um exemplo. A esta abordagem terapêutica, também denominada por politerapia, está associada a combinação de dois ou mais fármacos. Por outro lado, também à associação de duas ou mais modalidades terapêuticas, como é o caso da associação entre a radioterapia e a quimioterapia, pode ser denominada por terapia combinada.
A combinação de fármacos atinge simultaneamente múltiplos alvos celulares
Tendo em conta a ineficácia de alguns fármacos utilizados em monoterapia para o tratamento de determinados tipos de cancro, inúmeras equipas médicas e científicas têm vindo a trabalhar em diversas estratégias que visem a utilização simultânea de dois ou mais fármacos, procurando encontrar efeitos sinérgicos, aditivos ou potenciadores da sua ação.
A combinação de fármacos no tratamento do cancro parece ser um procedimento lógico. Desta forma, e tendo por base diferentes vias de atuação no corpo humano, espera-se que os fármacos possam simultaneamente atingir vários alvos celulares, combatendo assim a mesma doença através de mecanismos diferentes e potenciado o resultado terapêutico.
Quimioterapia e radioterapia em simultâneo: porquê?
A radioterapia, tal como a cirurgia, é utilizada com o objetivo de tratar tumores localizados. Por outro lado, a quimioterapia tem como alvo as células cancerígenas circulantes.
Até agora tem-se verificado que a combinação da quimioterapia com a radioterapia tem sido capaz de tratar com sucesso o cancro do reto, mostrando ser também bastante eficaz no tratamento do cancro da cabeça e do pescoço (que são ainda vulgarmente alvo de cirurgia). Por outro lado, a combinação da quimioterapia com a cirurgia tem-se revelado bastante útil no tratamento do cancro da mama, da bexiga, do cólon e do ovário.
A terapia combinada acarreta inúmeros benefícios
A utilização da terapia combinada tem revelado um enorme potencial clínico, permitindo reduzir as doses e/ou concentrações utilizadas, diminuindo consequentemente a toxicidade e os efeitos adversos induzidos no doente e potenciado a ação terapêutica. Por este motivo, o uso da terapia combinada é já comumente utilizado em vários tipos de cancro, aumentando assim a probabilidade de cura e a qualidade de vida do doente.
Este artigo foi escrito em colaboração com o João Encarnação, licenciado em Bioquímica e Mestre em Biotecnologia Farmacêutica pela Universidade de Coimbra. Atualmente, é aluno de Doutoramento no Departamento de Imunologia, Genética e Patologia da Universidade de Uppsala e membro da equipa da Ridgeview Instruments AB.
[fonte] Referências:BRAS–GONÇALVES, R. A. et al. – Synergistic efficacy of 3n-butyrate and 5-fluorouracil in human colorectal cancer xenografts via modulation of DNA synthesis. Gastroenterology. 120, 4 (2001), 874–888.; STIBOROVÁ, M. et al. – The synergistic effects of DNA-targeted chemotherapeutics and histone deacetylase inhibitors as therapeutic strategies for cancer treatment. Current medicinal chemistry. 19, 25 (2012) 4218–38.; ENCARNAÇÃO, J. – O butirato e o irinotecano: a sinergia na terapêutica do cancro do cólon. Tese de Mestrado, Universidade de Coimbra (2014). [/fonte]