As aulas de yoga são percepcionadas como benéficas em muitas e diferentes situações. Lourdes tem 71 anos e foi diagnosticada com cancro da mama em dezembro de 2015. Pratica yoga há pelo menos 20 anos e não deixou de o fazer depois de receber o seu diagnóstico. Relatamos o seu depoimento:
Pratico yoga há cerca de 20 anos e não deixei de o fazer até hoje. Comecei com a ajuda de uma enfermeira, emigrante em França, que trouxe a novidade de uma “ginástica especial”. Só quando comecei a praticar regularmente yoga, é que percebi que já o tinha feito. Achei que vivendo em Esposende, onde fazia muito exercício (caminhadas e bicicleta) tinha de compensar essas faltas e então, uma colega de escola onde trabalhava, sugeriu-me que experimentasse as aulas onde ela andava e fui ficando.
Em outubro de 2008 comecei a praticar yoga na Vidya-Academia de yoga sob a orientação da professora Alexandra. Quando recebi o diagnóstico da doença, pareceu-me importante falar com a Alexandra, primeiro porque senti necessidade de partilhar a “surpresa” do meu problema (sou das pessoas que acham que só acontece aos outros….) e não tinha vontade de o fazer de imediato, com pessoas que têm “muita pena” e dramatizam mais do que confortam ou levantam a autoestima. Por isso, estando a Alexandra ligada a estes problemas, achei que poderia ajudar-me a superar esta fase. Fui aconselhada sobre o que deveria fazer, daí em diante. E realmente senti-me acompanhada no decorrer da situação, antes e depois da cirurgia.
Até à data da cirurgia, continuei a fazer as aulas de yoga normalmente, sentindo mais vontade de praticar porque me ajudava muito a aceitar a situação, quer pelo apoio e convivência, quer pelo exercício e relaxamento, pois tudo isso estava a ser muito importante para mim.
Depois da cirurgia voltei as aulas logo que pude. Creio que estive ausente cerca de 2 semanas e nessa altura continuei a sentir-me acompanhada no desenrolar da minha situação, sobre as consultas e tratamentos que ia fazendo. Felizmente pude fazer radioterapia simultânea à cirurgia e, é claro, fui sendo vigiada e controlada no que deveria fazer, ou não, nas aulas de yoga, uma fez que a cirurgia tinha sido realizada há pouco tempo.
Contei também com o apoio e o carinho das colegas das aulas de yoga, que também me foram acompanhando e se interessaram pelo evoluir da minha situação. Sinto que é isto o espirito do yoga, é o apoio e a partilha, sem dramatismos.
Agora faço as minhas aulas normalmente, sem limitações e nem penso em faltar um dia, pelo contrário, faço ainda mais se puder. Tenho algumas amigas que, em situações semelhantes, acham que não podem fazer qualquer atividade física. A meu ver o yoga proporciona-me diversos benefícios. Os médicos que me operaram e me vão acompanhando, são também da opinião de que devo continuar a praticar yoga, para continuar com a minha recuperação física e emocional.