Náuseas e vómitos: como controlar durante o tratamento oncológico

controlar nauseas+vomitosAs náuseas e os vómitos podem ser efeitos secundários da quimioterapia, embora a ocorrência dependa do fármaco utilizado e do modo como ele afeta o organismo do doente. Na maioria das vezes, alterações na alimentação e a toma de alguns medicamentos, são suficientes para minimizar ou controlar a ocorrência destes sintomas.

Na presença de enjoos ao acordar, é conveniente que o doente tente comer alimentos secos, como tostas ou bolachas de água e sal. Contudo, se apresentar a boca seca e/ou lesões no mesmo local, não deverá fazê-lo.

É, também, aconselhável que, durante o dia, ingira frequentemente pequenas refeições, para que o estado nutricional não se degrade. A desnutrição reduz a tolerância aos tratamentos.

Após as refeições, se precisar descansar, o doente deve fazê-lo sentado pelo menos uma hora e não se deitar totalmente nas duas horas seguintes à refeição. Esta medida irá reduzir a probabilidade de inalação ou deglutição do vómito. Fazer respirações profundas durante o repouso poderá ajudar a ultrapassar as náuseas. Distrações, como música, um programa de televisão ou conversar com um amigo ou familiar, também podem ajudar a relaxar, minimizando a ocorrência de náuseas e de vómitos.

É comum a aversão ao sabor da carne vermelha e dos caldos da mesma. Para que a ingestão de proteínas satisfaça as necessidades, deverão ser substituídos por outras fontes proteicas, por exemplo aves, peixe e leguminosas.

Há formas de minimizar sabores e odores desagradáveis. O doente pode consumir rebuçados de limão ou de menta entre as refeições, consumir alimentos frios ou à temperatura ambiente. Deve evitar alimentos ricos em gordura, picantes ou muito doces e utilizar talheres de plástico.

Beber devagar líquidos frios, é uma estratégia que pode ser adotada, para evitar a desidratação. Outra opção pode ser o recurso a gelados de gelo ou gelatina, pelo seu alto conteúdo em água.

Após o vómito, a cada 10 minutos, é aconselhável a ingestão de uma colher de chá de líquidos frescos, passando para uma colher de sopa a cada meia hora. Se for tolerado, pode ir aumentando a quantidade. Para compensar as perdas de líquidos, o doente também poderá recorrer a cubos de gelo ou a cubos de sumo congelado.

Não só o doente como também o cuidador poderá ter um papel importante em situações de náuseas e vómitos. Assim, é importante que seja o último a preparar as refeições, tendo o cuidado de manter o local arejado e de remover ou cobrir alimentos com um cheiro forte, para evitar a acumulação de odores.

Se o doente apresentar vómitos recorrentes, o cuidador deverá pesar o doente todos os dias à mesma hora, pois uma perda de peso rápida pode ser um sinal de desidratação. Além disso, é importante que esteja atento à ocorrência de tonturas, fraqueza e confusão, também sintomas de desidratação, o que pode agravar as náuseas já existentes.

Por vezes, é necessária assistência médica num episódio de vómitos, de modo a evitar complicações maiores:

  • se o doente aspirar algum vómito;
  • tenha vomitado mais de três vezes por hora durante três ou mais horas;
  • tenha vómitos com sangue ou com algo que se assemelhe a borras de café;
  • não consiga ingerir líquidos, pelo menos mais de quatro copos de líquidos ou o equivalente em cubos de gelo por dia;
  • não coma há mais de dois dias;
  • não consiga tomar os medicamentos em consequência dos vómitos;
  • se apresente fraco, tonto ou confuso;
  • perca um ou mais quilogramas em um a dois dias;
  • apresente urina escura ou não urine tão frequentemente como habitual.
Fonte de informação:American Cancer Society – www.cancer.org (acedido em dezembro de 2015); Mayo Clinic – http://www.mayoclinic.org/ (acedido em dezembro de 2015). Fontes de imagens: http://newsnetwork.mayoclinic.org/discussion/chemotherapy-nausea-and-vomiting-prevention-is-best-defense/; http://dripdrop.com/hydration-for-patients/cancer-dehydration/

Dina Raquel João é Nutricionista e Mestre em Nutrição Clínica, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas (nº 0204N), com o Título de Especialista para a área de Terapia a Reabilitação da Classificação Nacional de Áreas de Educação e Formação, subárea da Nutrição, tendo desenvolvido a sua atividade profissional principalmente na prática clínica, na docência e formação e na investigação. Como Nutricionista, iniciou atividade clínica em 2001, tendo exercido a nível hospitalar, em centro de saúde e em clínica privada. A experiência profissional na área da investigação decorreu, essencialmente, na área oncológica, tendo sido premiada nesse campo (1º Prémio de Nutrição Clínica da Fresenius Kabi, em 2002). Conta com diversas comunicações científicas orais e em painel, tanto em eventos nacionais como internacionais. Atualmente, é Professora Adjunta Convidada na Universidade do Algarve – Escola Superior de Saúde, lecionando à licenciatura em Dietética e Nutrição.