Adoptar um estilo de vida saúdavel

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Se não sabe o que fazer: ”PARE”…e, por momentos, não faça nada!

A primeira vez que tive aulas numa escola de música, ouvi uma definição de música que considero fascinante e uma extraordinária metáfora para a vida: “A música é uma sucessão de sons e silêncios”. Parece óbvio mas eu não me tinha dado conta e hoje arrisco afirmar que a própria vida deverá ser, tal como a música, uma sucessão de sons e silêncios, de acções e pausas em sucessiva alternância, de tal modo que no final as nossas vidas possam equivaler a uma magnífica melodia.

David Kundtz no seu livro «Parar» recorda como é frequente andarmos a correr e com excesso de afazeres, sobretudo quando não queremos pensar ou recordar alguma coisa. Pelo contrário, é frequente pararmos quando nos queremos lembrar de alguma coisa. O nosso movimento e ritmo parecem ser tanto mais rápidos quanto mais desejamos abrandar o nosso pensamento e evitar tomar contacto com o nosso mundo interior. Contudo, e tomando a música como analogia, o que ouviríamos se não existissem momentos de pausa? Provavelmente, escutaríamos o som ensurdecedor de uma sirene e não uma harmoniosa melodia. É verdade…às vezes, é melhor “parar”!

Mas como “parar”, quando é preciso continuar? Como “parar” quando há tanto a fazer? Quando sentimos que tanto se espera ou depende de nós? Por vezes, “parar” parece impossível e se calhar também não seria desejável. “Parar” por completo equivaleria a escutar um profundo e perpétuo silêncio. Algures pelo meio está a solução de bom senso. É na alternância entre tarefas e momentos de paragem que é possível prosseguir esta valsa que é a vida.

Um dos breves momentos do dia que mais aprecio são aqueles escassos minutos, pela manhã, em que já estou plenamente desperta mas ainda todos estão a dormir, tudo está em silêncio e contemplo o espaço apenas com a ténue luz do sol que entra pela janela. É um momento de paragem antes de avançar (com mais ou menos determinação) para todas as tarefas que o dia me reserva. Sei que não me posso furtar ao que tenho para fazer e imponho a mim mesma a disciplina para avançar mas tento não o fazer sem me presentear com estes breves minutos de paragem. São fulcrais para que me encontre comigo mesma antes de avançar. Recordo a mesma sensação quando passava longos verões na vila alentejana onde a minha avó vivia. Aos olhos da sociedade acelerada de hoje seria um aborrecimento estar tanto tempo num sítio onde parecia não acontecer nada mas na verdade essa paragem e silêncio exteriores tornava o nosso mundo interior um verdadeiro oásis dinâmico, repleto de sonhos e ideias.

“Parar”, e por momentos não fazer nada, é diferente de apenas abrandar e é, em certa medida, uma forma de meditar. Trata-se de não fazer rigorosamente nada e apenas contemplar, e observar as nossas acções, o nosso pensamento, as nossas emoções, as nossas sensações e o que se passa em nosso redor, sem contudo termos que o fazer em horas e condições pré-determinadas. É algo que podemos fazer naturalmente em qualquer altura do dia. Trata-se de, por momentos, ficarmos conscientes do momento presente.

Também podemos “parar” quando alteramos as nossas rotinas e, por exemplo, eliminamos uma tarefa que habitualmente faz parte do nosso dia para simplesmente nos entregarmos a uma certa ociosidade. Tom Hodgkinson, no seu “livro dos prazeres inúteis” dá-nos várias ideias, inspiradoras e divertidas, para colocarmos em prática este “parar” de que falamos. Por fim, “parar” é fundamental quando sentimos que estamos perdidos ou confusos e sobretudo, quando não sabemos que decisão tomar em momentos importantes da vida. Nessas ocasiões “parar” dá-nos o tempo e o espaço necessários para encontrarmos dentro de nós as respostas, sempre provisórias, às nossas dúvidas para, depois, conseguirmos decidir conscientemente que rumo seguir. Nesses momentos em que não sabe o que fazer… PARE… e, por momentos, não faça nada!

[fonte]Referências: Kundtz, David (1978) –  “Parar”, Colecção XIS – Livros para pensar – Público;  Hodgkinson, Tom; Kieran, Dan (2010) – “O livro dos prazeres inúteis” – Quetzal [/fonte]

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