Tratamento do doente oncológico: “Um chá, por favor”
Atualmente, a investigação em nutrição na doença oncológica passa, não só mas também, pelo estudo das alterações genéticas e não genéticas que são adquiridas durante a vida do indivíduo e que estão relacionadas com os nutrientes, de forma a atuar-se na prevenção da doença e no tratamento do doente.
O funcionamento dos genes pode ser modificado pelos hábitos de vida e pelo ambiente social em que um indivíduo está inserido, sendo já claro que vários componentes da dieta têm um grande potencial não só na prevenção mas também no tratamento de vários tipos de cancro. Esses compostos podem ser encontrados em bebidas, frutos, vegetais e outros alimentos consumidos pelo Homem.
A planta do chá Camellia sinesis é cultivada em mais de 30 países, sendo o chá consumido em todo o mundo. Após a água, é a bebida mais consumida mundialmente, sendo o consumo médio per capita de, aproximadamente, 120 ml/dia.
Observações epidemiológicas e estudos laboratoriais têm indicado que os polifenóis presentes no chá verde podem reduzir o risco de uma variedade de doenças, incluindo a doença coronária e o cancro. Os componentes químicos mais abundantes nas bebidas de chá verde são as catequinas, as quais incluem: epicatequina, epicatequina-3-galato, epigalocatequina e a epigalocatequina-3-galato (EGCG). Destas, a última corresponde a mais de 50% do total de polifenóis, sendo identificadas como o maior e mais eficaz constituinte do chá verde. Assim, a maioria dos estudos laboratoriais e clínicos dos efeitos do chá verde assentam na EGCG.
A EGCG tem mostrado contribuir para impedir o desenvolvimento das células cancerígenas, bem como para destruí-las, sem afetar as células saudáveis.
Estudos em animais têm mostrado que extratos de chá verde e polifenóis presentes nesta bebida impedem a formação e o desenvolvimento de tumores de diferentes localizações. Por outro lado, experiências laboratoriais com células cancerígenas do pulmão humano e da próstata, têm indicado que os polifenóis oriundos do chá verde têm uma clara atividade anticancerígena.
Além de impedirem o crescimento das células malignas e de contribuírem para a sua destruição, os polifenóis têm um papel no aumento dos efeitos anticancerígenos, através da diminuição da resistência à quimioterapia e na redução de efeitos secundários aos fármacos usados neste tratamento. Também na radioterapia os polifenóis têm mostrado aumentar a eficácia do tratamento, já que contribuem para a diminuição da sua toxicidade.
A recente abordagem aos polifenóis na terapêutica do cancro poderá contribuir, então, para aumentar a eficácia dos tratamentos convencionais, através do ajustamento da dose e dos períodos de tempo necessários para que os resultados desejáveis sejam atingidos. Além disso, poderá facilitar o desenvolvimento de novos compostos derivados dos polifenóis existentes no chá (e não só) com maior eficácia, quer pelo aumento da disponibilidade para absorção pelo organismo, quer por poder ser dirigida especificamente ao órgão a tratar.
Fonte da imagem: http://www.fitsugar.com/You-Asked-How-Many-Cups-Green-Tea-Day-1523529
22, Outubro, 2018 @ 9:45
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/interacoes-perigosas-entre-chas-plantas-alimentos-e-medicamentos=f807668
Olá,
Sou doente oncológica e consumidora de chá verde. Terminei os tratamentos para o cancro da mama, há um ano. Li o vosso artigo sobre o chá verde e o cancro, e li também o da Revista Visão. Fiquei baralhada. Tomo ou não chá verde?
Obrigada