Clementina é a mais pequena da família. Da família dos citrinos.
Quantas vezes a clementina não é ela também eleita pelos mais pequenos, as crianças, para uma brincadeira, como de uma bolinha cor de laranja se tratasse!
As crianças gostam de meter os seus dedos pequeninos para a descascar e, desta forma, começam a despertar para as suas primeiras descobertas dos alimentos. Sentem que são capazes de, com as suas próprias mãos, ter acesso ao que está no seu interior e fazem-no sozinhas, tal como os adultos. Raramente alguém se opõe a isto. Portanto, não há quem diga “não faças isso!”.
Quando as crianças a escolhem, são os melhores dias da clementina.
Afinal, o que está dentro da curiosa bolinha laranja que a avó, a mãe, o pai ou a tia tanto insistem para comer? E porque dizem que faz bem à saúde?
A maioria de nós relaciona instantaneamente os citrinos e os seus sumos a uma maior proteção contra as constipações e outras infeções, pelo reforço que dão às defesas do organismo, devido à sua riqueza em vitamina C.
Mas o mundo das moléculas da família da clementina, a Citrus reticulata, revela ser mais completo, com uma atividade biológica que se estende desde a ação anti-inflamatória à anticancerígena e à antiaterogénica, comprovadas pela evidência científica, devido à presença de muitos nutrientes, e sem faltar, pelo menos, três moléculas fitoquímicas principais já detetadas: a hesperidina, um flavonóide e duas flavonas ou polimetoxiflavonas (PMFs). Estas moléculas atuam por redução da proliferação de diferentes tipos de células cancerígenas.
Depois de comer uma clementina (peso médio de 75 gramas) obtém-se pouca energia, aproximadamente 35 calorias e acede-se a um conjunto de nutrientes essenciais para o bom funcionamento de inúmeros mecanismos bioquímicos do organismo. Entre esses nutrientes estão, além dos fitoquímicos acima referidos, a reputada vitamina C, em maior quantidade, seguida de bons níveis de vitamina B1 (a tiamina), de folatos e de potássio, todos eles contribuindo sinergicamente para a atividade biológica dos citrinos. Também as fibras estão presentes, em particular a pectina, distribuída pela polpa, casca branca e casca exterior e que parece interferir positivamente em diversos processos metabólicos, tais como na absorção da glicose e no controlo dos níveis de colesterol.
Portanto, os melhores dias da clementina podem contribuir para que os seus dias sejam nutricionalmente melhores.
[fonte]Referências Bibliográficas: Manthey JA, Guthrie N. Antiproliferative activities of citrus flavonoids against six human cancer cell lines. J Agric Food Chem. 2002 Oct;50(21):5837-43.; Park HJ, Kim MJ, Ha E, Chung JH. Apoptotic effect of hesperidin through caspase3 activation in human colon cancer cells, SNU-C4. Phytomedicine. 2008 Jan;15(1-2):147-51.; Shiming Li, Min-Hsiung Pan, Chih-Yu Lo, Di Tan, Yu Wang, Fereidoon Shahidi, Chi-Tang Ho, Chemistry and health effects of polymethoxyflavones and hydroxylated polymethoxyflavones, Journal of Functional Foods, Volume 1, Issue 1, January 2009, Pages 2-12; USDA Database for the Flavonoid Content of Selected Foods [/fonte]
Este texto foi publicado pela primeira vez no Stop Cancer Portugal em fevereiro de 2011.