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Cancro da mama e flora intestinal: que relação?

Flora intestinalAnualmente, o número de novos casos de cancro da mama varia, consoante se tratam de países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, sendo, nos primeiros, de cerca de 120 e, nos últimos, perto de 17 por 100 000 habitantes. Contudo, as crianças nascidas em países desenvolvidos mas filhas de indivíduos oriundos de países em vias de desenvolvimento apresentam as mesmas incidências de cancro da mama que os compatriotas dos países industrializados.

Dado que a genética não tem alterações significativas numa só geração, considera-se que a maior alteração é ambiental, em que a alimentação e as alterações na flora intestinal resultante parecem ter um papel importante. A compreensão da alimentação praticada, da flora intestinal e da interação entre ambas pode modificar o curso de doenças digestivas mas também de certas doenças, como do cancro da mama.

Existe uma relação benéfica entre o Homem e a flora intestinal; os humanos fornecem os nutrientes necessários aos microrganismos e estes protegem-nos de agentes que poderão provocar doença, produzem aminoácidos essenciais e vitaminas e ajudam na absorção de minerais, na destruição de toxinas, na manutenção de uma barreira intestinal saudável e eficaz contra agentes nocivos, no desenvolvimento do sistema imunitário e no aproveitamento de nutrientes.

Em adultos, mais de 80% da flora intestinal corresponde a bactérias dos tipos Firmicutes e Bacteroidetes. Contudo, situações de doença, a medicação e a alimentação, bem como fatores genéticos, podem contribuir para um desequilíbrio desta flora, podendo levar a uma predisposição para, entre outros, o cancro.

As fibras representam as partes das plantas indigeríveis pelo Homem, podendo ser solúveis ou insolúveis em água. As insolúveis não são fermentadas pela flora intestinal, contrariamente às solúveis, que originam ácidos gordos de pequena dimensão, que são aproveitados pelas células do cólon, contribuindo para a manutenção de uma barreira intestinal saudável. A presença de altas concentrações de fibra solúvel na parte final do intestino delgado e no intestino grosso contribui para o crescimento e a manutenção das benéficas bifidobactérias, de uma espécie de bactérias antinflamatórias do grupo Firmicute, bem como de espécies de Bacteroidetes. Este efeito de promoção do crescimento de Firmicutes e Bacteroidetes na flora intestinal é importante, pois estas bactérias produzem, a partir de determinadas fibras solúveis (ex: linhano), os fitoestrogénios enterodiol e enterolactona, os quais são absorvidos para a corrente sanguínea. Níveis elevados destes fitoestrogénios parecem estar associados a uma diminuição do risco de cancro da mama. O benefício de dietas ricas em fibra estende-se a mulheres após a menopausa, apesar de, com a idade, a quantidade de Firmicutes e Bacteroidetes diminuir.

Um estudo verificou que mulheres com níveis sanguíneos mais elevados de enterolactona, conseguidos através de uma maior ingestão de centeio (contém linhano), ao final de 8 anos, apresentavam menos 62% de diagnósticos de cancro da mama, comparativamente a mulheres com níveis mais baixos.

Mas não só na diminuição do risco de cancro da mama as enterolactonas terão um papel importante, pois, de acordo com estudos recentes, parece haver um efeito benéfico quando a doença já está instalada. Num estudo que incluiu 300 mulheres com cancro da mama, os níveis de enterolactona foram usados para quantificar a ingestão de linhanos e, após 23 anos, verificou-se que, em mulheres com níveis de enterolactona mais elevados, a mortalidade devida à doença era menor em 30%. Outro estudo veio confirmar o efeito protetor das enterolactonas em doentes com cancro da mama, principalmente em mulheres em pós-menopausa.

Assim, a enterolactona encontrada na corrente sanguínea, um produto da fermentação da flora intestinal sobre os linhanos, parece ter efeitos protetores em doentes com cancro da mama e na prevenção da doença.

[fonte] Guglielmini P, Rubagotti A, Boccardo F, Serum enterolactone levels and mortality outcome in women with early breast cancer: a retrospective cohort study. Breast Cancer Research and Treatment. 2012; 132(2):  661–668. Shapira I, Sultan K, Lee A, Taioli E. Evolving Concepts: How Diet and the Intestinal Microbiome Act as Modulators of Breast Malignancy. ISRN Oncol. 2013; 25: 693920. Zaineddin AK, Vrieling A, Buck K, Becker S, Linseisen J, Flesch-Janys D, Kaaks R, Chang-Claude J. Serum enterolactone and postmenopausal breast cancer risk by estrogen, progesterone and herceptin 2 receptor status. International Journal of Cancer. 2012; 130(6): 1401–1410.[/fonte]

 

 

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