Carta de um oncologista a um jovem fumador
Por Craig R. Hildreth, Médico | 12 de Março de 2013
Dr. Hildreth é médico oncologista em clínica privada.
Meu Caro Paciente,
Foi um prazer conhecê-lo, hoje, a si e à sua noiva. Eu sei que ficou assustado quando viu as palavras “tratamento oncológico” na porta do meu consultório, sobretudo por ter sido referenciado para mim depois da deteção de uma pequena alteração no seu hemograma.
Não se sinta mal, não é o primeiro paciente que encontrei a olhar para mim como se eu fosse um juiz com pressa de o condenar à morte. Lembre-se das minhas primeiras palavras: “não entre em pânico, os oncologistas também veem pessoas com problemas simples no sangue”. Ficou mais aliviado quando lhe disse que a contagem baixa de leucócitos no seu sangue era apenas sequência de uma infeção viral? Não está a pensar que tem cancro, pois não? Vamos lá, vai viver até ser velhote!
Talvez não acredite em mim. No entanto, apesar de ter acabado de o conhecer, estou preocupado com o seu futuro e, se há pessoa neste mundo que não quer ficar preocupado com a sua saúde, essa pessoa é o seu oncologista. Sabe a que me refiro! Pensou que não ia levantar a questão? Que tipo de médico seria eu, se ignorasse o facto de estar a encurtar e desperdiçar o seu tempo de vida, tempo para passar com a pessoa que ama, por causa de um mau hábito? Aprecio o facto de me ter respondido honestamente, mas se me tivesse mentido, o cheiro do seu hálito iria denunciá-lo.
Assim, sem julgamentos, tentei dar-lhe um conselho amigo para abandonar o único produto legal que, quando utilizado, mata 443 000 de nós todos os anos, o produto que aumenta 23 vezes a probabilidade de contrair cancro de pulmão. Obrigado pelo seu tempo. Rezo para que, o conselho que recebeu, hoje, o inspire a parar.
Lembre-se, nunca mais o quero ver no meu consultório. Se continuar insistindo, pode acabar por se juntar a um clube particularmente triste, cujos membros tenho a duvidosa honra de auxiliar numa viagem fúnebre. Não há restrição de idade para os membros deste clube. Pode ser solicitado a juntar-se ao clube mesmo que só tenha 45 anos de idade, sentindo-se bem, aliás nunca se sentiu tão bem e não conseguir entender porque é que, em apenas 14 meses, depois de lhe ter sido diagnosticado cancro do pulmão num estadio inicial, tem metástases hepáticas ou então…
… aos 55 anos, quando começa a dominar os jogos de golfe aos fins de semana, a sua tosse persistente acaba por revelar uma grande massa mediastinal de cancro do pulmão de pequenas células ou
… aos 65 anos de idade, acabado de reformar-se, pronto para participar na vida social e nos eventos desportivos dos netos, se vê numa urgência de hospital depois de sofrer uma convulsão por metástases cerebrais anteriormente desconhecidas, ou
… aos 75 anos, os seus filhos me vêm perguntar, em privado, se vai viver o tempo suficiente para comemorar a sua festa de aniversário dos 50 anos de casamento e eu respondo: “Tenho dúvidas!”.
Vejo acontecerem estas tragédias tantas vezes que se tornou para mim uma rotina, mas não pense que a sua vida foi menos preciosa, que a sua morte é menos grave, só porque se matou com cigarros. Não é tarde demais para mudar o seu futuro, escute-me bem!
Por favor, não se torne em mais um dos incontáveis maridos, pais, tios, irmãos neste país que, se não tivessem começado, ainda estariam vivos hoje. Não tem que fazer isto sozinho, mas tem que querer parar de fumar. Procuraremos dar-lhe a melhor ajuda disponível, para o ajudar a largar o vício, mas tem que querer parar de fumar. Na verdade, ninguém sabe o que o destino lhe reserva mas, se voltar à minha consulta como um doente com cancro, eu saberei qual o seu destino: é uma visão terrível!
30, Dezembro, 2013 @ 1:31
Faz 5 anos em Janeiro dce 2014 que deixei de fumar e até hoje, não peguei num cigarro.
3, Janeiro, 2014 @ 21:36
Parabéns Maria Oliveira. Continue.
6, Outubro, 2014 @ 6:51
Dia 4 de novembro faz 12 anos que deixei de fumar. Os primeiros meses não foi fácil, mas não foi impossível.
12 ANOS de liberdade, com um cancro da mama pelo meio, será que foi por causa do cigarro?????
6, Outubro, 2014 @ 8:52
Cara Fátima
Felicito-a por se ter libertado.
Força para continuar.
9, Outubro, 2014 @ 14:41
Há mais de um ano que deixei de fumar e sinto-me lindamente. Foram 10 anos com o vício, não fumava muito, daí talvez não me ter custado muito.
Tenho muita pena de ver que hoje em dia metade dos jovens fumam quando atingem a maioridade. Às vezes apetecia-me falar com eles, mas, tal como eu, o vício faz com que não tenhamos noção do mal que nos faz e do desconforto que provoca naqueles que nos rodeiam. Acho que se deveria proibir de fumar em todos os locais públicos e que o imposto sobre o tabaco aumentasse ainda mais. Digo isto agora e sempre o defendi, mesmo quando fumava.
A maior vitória da minha vida foi mesmo ter largado essa droga legal e mortífera.
Cumprimentos
10, Outubro, 2014 @ 18:26
Obrigado Nuno pelo seu comentário.
9, Outubro, 2014 @ 22:58
Deixei de dar uma pequena fortuna ao estado, fumava 3 maços por dia, uma média de 360 euros por mês, sendo que + / – 80 por cento são impostos na ordem dos 250 euros por mês.
Agora digam se alguém que fuma, tem o direito de reclamar quando no salário lhe cobram mais uns cêntimos, não falando no mais importante que é a saúde.
Acreditem que o melhor remédio é a força de vontade e não à outro tratamento.
Manuel Ferreira
10, Outubro, 2014 @ 18:27
Parabéns Manuel
10, Outubro, 2014 @ 19:04
Concordo com o que disse Ferreira, fumar mata, e alem disso enche bolsos ao governo
10, Outubro, 2014 @ 23:16
Nunca fumei. Aos 12 anos de idade, durante uma campanha antitabagismo da escola, disse ao meu pai (que fumava mais de um maço por dia) se nao achava que era tempo de deixar esse vício. Por mim e para me dar o exemplo, deitou o resto do maço fora e nunca mais comprou outro. Ja lá vão 26 anos e ainda hoje nos agradecemos mutuamente. Diz que nao foi fácil. Mas a força de vontade vence todas as barreiras. Mais ainda quando só traz beneficios.
12, Outubro, 2014 @ 12:01
Dei uma ordem na minha cabeça há 35 anos que ía parar de fumar, nesse dia ainda fumei um cigarro quando, no carro, vinha na auto estrada para Lisboa vinda da linha, resolvi parar ali mesmo. Despejei o maço pela janela, fiquei a ver, pelo retrovisor, aqueles pauzinhos brancos a saltar aos trambolhões pela estrada! Foi a última vez… O cérebro tinha recebido essa ordem…
14, Outubro, 2014 @ 13:52
Fez muito bem Inês. Se bem que, nem a estrada merecia os tais “pauzinhos”.
12, Outubro, 2014 @ 14:36
Deixei de fumar há quatro anos depois de um enfarte. Posso afirmar que não me custou nada. Abandonar o vício é mais fácil do que se pensa.
12, Outubro, 2014 @ 18:13
Limpo desde a passagem de ano. Sei que ainda nem um ano passou mas até à maratona começa com um simples passo.
Eu não tinha o direito de manter esse luxo enquanto a minha filha e a minha mulher nem de férias a praia podiam ir. Eu não tinha o direito de estar ao pé da minha filha sempre a ouvi-la dizer que eu cheirava mal. Eu não tinha o direito de prejudicar a vida dos que mais amo por um vício tão estúpido. Sei que ainda não passaram 12 meses mas, já ofereci tanto a essas pessoas com o dinheiro que gastava e com a minha presença que espero que isto seja uma maratona sem fim.
14, Outubro, 2014 @ 13:48
O André não tinha o direito de intoxicar os dois pulmões que recebem o ar que precisa para viver com saúde.
Parabéns pela melhor maratona que escolheu para correr.
13, Outubro, 2014 @ 19:16
Vai fazer dia 22, dois anos que deixei de fumar.
Não considero uma guerra vencida, mas sim uma costante batalha contra o impulso de fumar!
Mas sinto-me feliz e orgulhoso 🙂
14, Outubro, 2014 @ 13:45
O Rui já está a ganhar a batalha.
É de ficar muito feliz. Está a ficar cada vez mais livre.
Parabéns
14, Outubro, 2014 @ 15:08
Boas quero deixar de fumar, ja tentei algumas vezes, mas penso que preciso de ajuda de algum medicamento… alguém conhece algum que dê resultado?
15, Outubro, 2014 @ 20:36
António,
Já ouviu falar da consulta de cessação tabágica? Consulte este link: http://www.portaldasaude.pt/NR/rdonlyres/FDD81EFC-3A50-46F6-A99C-B9D748F099A2/0/i010733.pdf que publicamos no post:http://www.stopcancerportugal.com/2011/07/25/parar-de-fumar-cessacao-tabagica/
15, Outubro, 2014 @ 14:51
Eu vivo esse pesadelo agridoce. Não consigo parar, ja me falaram da força de vontade… Isso de nada me adiantou, se calhar eu é que sou mesmo muito fraco. Às vezes quando acabo um cigarro, choro, por não lhe ter resistido. Por ser mais forte que a minha cabeça fraca. Um dia sem fumar, para mim ja seria uma vitória. Quem me dera ter tido a vossa força, a ausência do cigarro é demasiada dor, mais do que aquela que eu consigo suportar. Quem me dera ser forte para parar isto.
15, Outubro, 2014 @ 20:34
Olá JTSV
Muitos ex-fumadores já sentiram isso.
Uns são mais céleres que outros, nessa primeira fase, a fase de decidir parar.
Pensar em parar é um bom início para o processo.
Não somos todos iguais. Alguns só quando o médico os avisa que devem parar é que tomam consciência.
Já pensou em procurar ajuda? Já ouviu falar da consulta de cessação tabágica? Consulte este link: http://www.portaldasaude.pt/NR/rdonlyres/FDD81EFC-3A50-46F6-A99C-B9D748F099A2/0/i010733.pdf que publicamos no post:http://www.stopcancerportugal.com/2011/07/25/parar-de-fumar-cessacao-tabagica/
16, Outubro, 2014 @ 11:17
Que tipo de ajuda é dada na consulta de cessação tabagica? Tem algum conhecimento do que eles fizeram/fazem para ajudar a parar?
21, Outubro, 2014 @ 13:55
Não fumo há um mês (pouquissimo eu sei). Tenho um filho com 5 anos e é divinal poder enchê-lo de beijos e abracinhos sem pensar que cheiro horrivelmente mal. As 2 primeiras semanas não foram fáceis, a vontade de fumar, o mau feitio por não o fazer etc. Hoje em dia ainda me apetece e muito mas descobri algumas coisitas, por exemplo que a regra dos 3 minutos é real, que afinal o dinheiro não desaparecia da carteira sozinho, e que já não tenho amigdalites tão fortes nem com tanta frequência. Custa ainda as pessoas à minha volta puxarem do cigarrinho, mas não quero fugir. Eu não fumo porque não quero. É uma opção MINHA tal como quando fumava. A diferença está nas consequências desta minha decisão e são muito melhores.
24, Outubro, 2014 @ 14:16
Cara Sara
Que decisão tão boa por si e pela sua família.
Obrigado pela sua partilha.
1, Novembro, 2014 @ 6:21
Felizmente fizeram dois anos que deixei o vício e consegui que o meu namorado também ganhasse força de vontade, há 9 meses. Espero que nos mantenhamos assim mtos anos. É pena não ter o mesmo efeito na minha mãe 🙁
2, Novembro, 2014 @ 12:29
Força Margarida.
E não desista da sua mãe. Vai ver, com alguma paciência e usando a sua vontade em ajudar talvez consiga chegar a convencer a sua mãe.
8, Novembro, 2014 @ 16:25
Fumei cinquenta anos pensando que o tabaco era uma droga inocente.
8, Novembro, 2014 @ 20:14
Pois António, aconteceu com muita gente.
Agora já sabemos que não, não é! É hora de alertar todos aqueles que precisam de ser ajudados e travar as consequências que são esperadas.
20, Maio, 2015 @ 8:32
Deixei de fumar há quase uma semana. Fui uma grande fumadora, 20 anos de tabaco e de destruição. Uma noite de insónias, decidi ir a internet pesquisar sobre cancro do pulmão. Fiquei em pânico. Durante toda a noite tive crises de angustia e de pânico só de pensar na possibilidade de contrair um cancro e deixar a minha bebé sozinha. Para aqueles que não conseguem deixar de fumar imaginem a situação de estarem face a um medico que vos dá a noticia” você tem um cancro no pulmão”. Aterrorizante garanto-vos. Deixem o tabaco por favor. O cancro não acontece só aos outros. Espero que não seja demasiado tarde para mim.