Amamentação: o benefício a dois!

breastfeedingA amamentação ou aleitamento materno exclusivo significa, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que o latente recebe unicamente leite materno e nenhum outro líquido ou sólido à exceção de gotas ou xaropes de vitaminas, suplementos minerais ou fármacos.

A evidência científica tem demonstrado benefícios para a saúde com o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida. No entanto um aleitamento materno parcial ou por um menor período têm também um efeito benéfico.

Os resultados de vários estudos registam uma associação do aleitamento materno a um menor risco de doenças, agudas e crónicas, confere à criança benefícios cognitivos, reduz morbilidade e possui efeito analgésico com melhoria da resposta à dor, para além de que possui benefícios socioeconómicos, uma vez que reduz o número de hospitalizações.

Amamentação: vantagens para o bebé

Na literatura podemos apontar as seguintes vantagens para o bebé:

  • Encontra-se em ótimas condições de higiene e à temperatura ideal
  • Está adaptado às necessidades da criança e ao seu aparelho digestivo
  • Fornece o alimento ideal, com elevada riqueza nutricional
  • Previne o aparecimento de infeções gastrointestinais (diarreias), respiratórias (pneumonias e bronquiolites) e urinárias, e, confere maior proteção contra vírus e bactérias sendo o alimento mais seguro
  • Permite uma melhor adaptação do bebé ao apetite e sede, bem como aos outros alimentos
  • Previne o aparecimento futuro de Diabetes, Linfomas, Obesidade, Doença de Crohn, Colite ulcerosa e Doença celíaca na criança
  • Melhora o desenvolvimento da visão
  • Reduz a propensão a cárie dentária, melhora o desenvolvimento das mandíbulas, dos dentes e da fala
  • Facilita a digestão e o funcionamento do intestino

Amamentação: vantagens para a mãe

As vantagens para a mãe:

  • Estimula a contração do útero para ficar com o aspeto anterior
  • Ajuda a perder a gordura acumulada durante a gravidez
  • “Está sempre pronto” e é o leite mais económico
  • Associa-se a uma menor probabilidade de aparecimento de cancro da mama, cancro do ovário, osteoporose, doenças cardíacas, diabetes e artrite reumatóide
  • Atrasa a menstruação, funcionando como um controlo da fertilidade
  • Cria uma melhor ligação emocional entre a mãe e o bebé o que garante uma maior estabilidade da criança conferindo uma importantíssima relação psico-afetiva.

A necessidade de promover o aleitamento materno levou a OMS, em 1990, a produzir a Declaração Innocenti, sugerindo que o período a ele dedicado devia oscilar entre os 4 e 6 meses, embora a UNICEF sustente que deva continuar até aos dois anos. Esta Declaração foi reforçada na Reunião de Genebra em 2001. Também a Academia Americana de Pediatria aconselha o aleitamento materno pelo menos até aos seis meses prolongando-se, se possível, até aos 12 meses.

Como consequência, a legislação da maioria dos países da União Europeia tem vindo a contemplar a protecção da mãe durante o período de aleitamento.

Referências: Sandes, A.R., Nascimento C., Figueira J., et al. Aleitamento materno – Prevalência e factores condicionantes. Acta Med Port 2007; 20: 193-200; Nutricion en las diferentes etapas de la vida. Brown JE (ed.) 2ª edición, McGraw-Hill Interamericana, 2006; Comissão de nutrição da SPP – Acta Pediátrica Portuguesa. Alimentação e nutrição do lactente. Revista de medicina da criança e do adolescente, Vol. 43, n.º 5 Setembro / Outubro 2012, Suplemento II.

Marisa Figueiredo, nutricionista licenciada em Ciências da Nutrição e mestre em Nutrição Clínica, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, iniciou atividade clínica em 2004. É doutoranda na Faculdade de Medicina de Lisboa no curso de Doenças Metabólicas e de Comportamento Alimentar. Desenvolve atividade docente desde 2007 e colabora frequentemente em ações de divulgação na promoção da saúde e prevenção das doenças crónicas. Dedica o seu trabalho à nutrição clínica, no adulto e na criança, com particular interesse pela alimentação e saúde infantil. Acredita que o seu trabalho deve assentar essencialmente na mudança de atitudes face a comportamentos que possam pôr em risco a saúde. A estratégia adoptada passa por fazer chegar a mensagem aos pais e seus educandos. A prevenção começa in útero. Colaboradora do Stop Cancer Portugal desde Janeiro de 2013. Por indicação do autor, os seus textos não obedecem ao novo acordo ortográfico.     Marisa Figueiredo is a nutritionist, graduated in Nutritional Sciences and has a Master degree in Clinical Nutrition of the Institute of Health Sciences Egas Moniz. Started her clinical activity in 2004. She is a PhD student in Metabolic Diseases and Feeding Behavior at the School of Medicine of Lisbon. Develops teaching activity since 2007 and collaborates frequently in actions and workshops for promoting health and preventing chronic diseases. His work is dedicated to clinical nutrition in adults and children, with particular interest in child´s health and nutrition. She believes that her work should be based on attitudes and behaviours’ changing and prevention begins in utero. Collaborates in Stop Cancer Portugal since January 2013.