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A capacidade de estar só

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sóEstávamos no verão de 1957 quando Donald Winnicott apresentou numa reunião da Sociedade Britânica de Psicanálise um artigo com uma das teorias mais interessantes e marcantes a respeito dos processos de maturação emocional dos seres humanos: “A capacidade de estar só”.

Para Winnicott um dos sinais mais evidentes de maturidade emocional é esta capacidade de estarmos prazenteiramente sós mesmo que estejamos na presença de outrem. No seu trabalho, Winnicott não se refere ao medo de estar só ou ao desejo de estar só, como que numa fuga à relação com o mundo exterior mas sim aos aspectos positivos e benéficos desta conquista. Contudo o que está na base do desenvolvimento desta capacidade é um paradoxo pois é a partir da experiência da partilha de uma relação gratificante com outrem que emerge a capacidade de estar só. Na verdade quando atingimos este estado de maturação emocional nunca estamos em solidão, no sentido depreciativo do termo, pois podemos disfrutar desse estar connosco próprios estando apenas na presença simbólica (representada por um objecto, um pensamento, uma sensação) daqueles que nos confortam e nos ajudam a sentir confiança.

Perante a capacidade de estar só consigo mesmo, cada indivíduo adquire igualmente a capacidade de se deparar com os seus conflitos e dificuldades, superando-os com maior facilidade. Para Winnicot é somente quando estamos sós que podemos descobrir a nossa vida pessoal e própria. E aqui quando falamos em estarmos sós podemos referir-nos apenas ao silêncio que se pode gerar na presença de outros sem que esse mesmo silêncio gere desconforto.

Numa época em que somos, ou nos sentimos impelidos a preencher todo o tempo e espaço das nossas vidas com ruídos, multidões e infinitas listas de afazeres é urgente questionarmo-nos sobre a nossa capacidade de estarmos sós e fazermos um elogio do silêncio.

Experimente quebrar ocasionalmente a rotina ruidosa e exigente dos seus dias e fique apenas em silêncio, sem nada fazer apenas aquietando-se. Tire um dia na semana só para si próprio ou faça um retiro num local tranquilo uma vez por ano. Não tem que o fazer completamente só, pode estar efectivamente na presença física e concreta de alguém, se esse estímulo externo o conforta, mas experimente a sensação de não ter que preencher os silêncios que se gerem na relação com os outros. Não tem que estar sempre a interagir: a falar ou a fazer algo. Limite-se simplesmente a estar só na presença de alguém e a disfrutar desse momento no presente.

O confronto com momentos de silêncio ou de retiro poderá colocar-nos à prova na medida em exige a coragem de quem dá um profundo mergulho em águas desconhecidas mas a descoberta da nossa capacidade de estarmos sós equivale a um tesouro que servirá de âncora nos momentos mais tumultos da nossa vida. Poderemos descobrir que, por vezes, estamos sós no meio de uma multidão mas que, em contrapartida, somos capazes de estar concreta, e fisicamente sós sentindo-nos bem acompanhados, pois estaremos em comunicação com o nosso fascinante mundo pessoal e com tudo e todos os o que o povoam.

[fonte]Referência Bibliográfica: Winnicott, Donald. W. 1965b: O ambiente e os processos de maturação: Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.[/fonte]

O que desejo a todos os que lerem este texto é aproveitarem o ano que se inicia para perceberem a vossa imensidão interior.
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