A proposta que vos trago é de reflexão com base no resumo de quatro estudos referenciados no jornal electrónico New Scientist, na secção de saúde, e que considerei interessantes na medida em que nos falam de coisas simples, evidentes ao olhar e que se encontram provadas por estudos científicos.
Quantos de nós não ouvimos já falar que a falta de atividade física não faz bem nenhum? Que a vida sedentária que hoje todos levamos, miúdos e graúdos, tem impactos nefastos na nossa saúde?
Cada vez mais somos instigados a sair da cadeira ou do sofá e a ir dar uma caminhada de 30’.
E nas escolas?
O trabalho tem de ser feito pela mudança de atitude, pela perseverança e através do “eu sou capaz” e, aos poucos, tudo se torna acessível, possível e… porque não?
A inatividade física mata tantas pessoas como o tabaco
Se é daquelas pessoas que necessita de um tratamento de choque para alterar os seus hábitos tome nota: a falta de atividade física mata aproximadamente tantas pessoas quanto fumar.
Essa é a mensagem chocante de uma série de artigos publicados esta semana sobre o impacto da saúde versus inatividade.
Os documentos publicados na conceituada revista The Lancet sugerem que mais de 5,3 milhões de mortes poderiam ser evitadas a cada ano se todas aquelas pessoas inativas tivessem praticado exercício, e o mesmo quando se olha para as 5 milhões de mortes anuais por tabagismo.
A prática de 150 minutos, ou mais, de exercícios moderados como é o exemplo da caminhada de que já falámos noutras partilhas poderiam evitar essas mortes.
I-Min Lee, chefe de equipa da Harvard Medical School, refere num dos trabalhos publicados que pretende calcular o número de mortes que seriam evitadas se todas as pessoas no mundo fossem ativas. Assim, com base em dados de 2008, analisou as mortes causadas por doenças graves associadas à falta de exercício: doença cardíaca coronária, diabetes tipo 2, cancro do intestino, cancro de mama, e cruzou os dados dos óbitos com informação sobre os níveis de exercício em cada país. As conclusões revelaram que, se todos atingissem os seus objectivos semanais de exercício: cerca de 6 por cento dos que morreram de ataques cardíacos globalmente teriam sobrevivido; 7 por cento dos que morreram de diabetes tipo 2; 10 por cento daqueles que morreram de cancro de mama ou cólon.
Saúde e a pandemia da inatividade
O principal autor de outro artigo publicado também no The Lancet, Harold Kohl, considera que as transformações ocorridas nas populações que conduziram à mecanização, industrialização e à dependência de carros, relegaram a atividade física para fora das vidas das pessoas e que, agora, os resultados estão a matar-nos.
Harold Kohl, da Universidade do Texas Health Sciences Center, em Houston, diz que os números significam que a inatividade criou um quotidiano moderno que se expandiu numa “pandemia“, provocada pela mecanização do trabalho diário e a vida doméstica, a facilidade de transporte e a prevalência de lazer sedentário como os jogos de computador e a permanência frente à televisão. Este autor defende uma ação global para reverter a situação.
Noutro artigo, Pedro Hallal da Universidade Federal de Pelotas no Brasil constatou que, globalmente, 42 por cento dos adultos passam mais de quatro horas por dia sentados, e 2/3 dos adolescentes passam duas horas a ver televisão, sem pausa, por dia. Este autor considera que tal situação não deve ser atribuída à falta de motivação das pessoas, mas sim na escassez de ambientes que fomentem o movimento e o exercício, como andar a pé ou de bicicleta.
Forçados a caminhar
Mais de 100 cidades na América do Sul tiveram algum sucesso no combate à inatividade com a seguinte estratégia: periodicamente, fecham estradas de grande tráfego.
O movimento “Ciclovia” começou há 30 anos em Bogotá, na Colômbia: aos domingos de manhã, “Em 72 dias do ano, 100 Km de ruas da cidade são fechadas ao trânsito”, adianta Gregory Heath, da Universidade do Tennessee em Chattanooga, que avaliou diferentes intervenções em todo o mundo que funcionassem melhor para ajudar as pessoas a retomarem a atividade física.
Heath diz que pelo menos um milhão de pessoas aproveitam o “Ciclovia” em Bogotá, com uma actividade média de 140 a 180 minutos por semana, e permite a cerca de 14% da população do país cumprir os seus objectivos semanais de exercício.
Heath estudou também a utilização de pedómetros, que medem o número de passos que uma pessoa faz diariamente, e concluiu que são ferramentas extremamente eficazes para motivar as pessoas a caminhar e a se exercitarem mais. “Eles dão um feedback, assim as pessoas podem ver o quanto fazem e estabelecer metas pessoais“, diz o autor.
Os Jogos Olímpicos não ajudam
Apesar de os Jogos Olímpicos estarem aí, é improvável que venham a inspirar as pessoas a se exercitarem mais.
Adrian Bauman, da Universidade de Sidney, na Austrália, é autor de um estudo que explora o que motiva algumas pessoas a se exercitarem em detrimento de outras motivações. Ele considera que “Os desportos olímpicos são uma coisa de elite, associado ao orgulho nacional, mas não são encarados como atividade física para o quotidiano”. Na sua investigação demonstrou que os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, não tiveram impacto sobre os níveis de atividade física na Austrália. “O desporto de alto rendimento não é o caminho para diminuir a pandemia de inatividade física”, refere o autor.
Bauman considera que a resposta está na atitude a adotar nas escolas; valorizar as atividades apreciadas pelos alunos para as manter ao longo da vida, em vez de se privilegiar atletas vencedores.
[fonte] Fonte de Informação: http://www.newscientist.com/article/dn22072-physical-inactivity-kills-as-many-people-as-smoking.html [/fonte]