É sabido que o consumo de carne aumentou consideravelmente nos últimos anos, sobretudo devido ao aumento do poder de compra dos portugueses. Recordo-me da minha mãe me contar que nas famílias mais pobres ou até nas ditas famílias “remediadas” era raro o dia em que se comia carne. Esta só entrava no prato em dias de festa e em pequenas porções. A carne era substituída sobretudo pelo elevado consumo de leguminosas. Pelo menos era esta a realidade naquela região do Alentejo.
Hoje, na maioria das famílias portuguesas é raro o dia em que não há pelo menos uma refeição de carne, todos os dias. Muitas vezes, a carne consumida é “carne vermelha”, ou seja, vaca ou porco. O tema do consumo, ou não, de carnes vermelhas é, contudo, controverso. Para os defensores de uma dieta vegetariana a carne é perfeitamente dispensável por inúmeras razões. Para outros a carne é fundamental, sobretudo pela sua riqueza em proteínas e algumas vitaminas e minerais importantes para a saúde humana. Contudo, desde há alguns anos que inúmeros estudos têm feito referência aos malefícios da carne e à relação entre o seu consumo excessivo e o aumento de doenças como o cancro e as doenças cardiovasculares.
Este tema foi novamente abordado na última terça-feira, 13 de Março, pelo jornalista Alexandre Costa, com a publicação no jornal Expresso online da notícia “Carne Vermelha é mais letal do que se pensava”.
O artigo do Expresso faz referência a um amplo estudo da Harvard School of Public Health que conclui que a carne “mesmo quando comida em quantidades reduzidas, em apenas uma refeição diária, aumenta significativamente os riscos de doenças cardiovasculares e de cancro”. Estas conclusões resultam de dados recolhidos ao longo de 28 anos numa amostra de população constituída por cerca de 38 mil homens e 84 mil mulheres. Segundo os investigadores deste estudo o nosso consumo de carne vermelha deveria de ser ocasional e recomendam que esta deveria de ser substituída por outros alimentos ricos em proteínas, tais como peixes, aves domésticas, nozes e legumes.