Dois dentes de alho utilizados diariamente são suficientes para acionar um complexo escudo protector e aproveitar ao máximo as suas qualidades terapêuticas na prevenção das principais doenças crónicas – as doenças cardiovasculares e o cancro.
A cor branca, o aroma e o gosto intenso do alho são as características inerentes da mistura concentrada de vários compostos fitoquímicos . Alguns destes fitoquímicos são ricos em moléculas de enxofre que interagem sinergicamente e que são o alvo principal das múltiplas pesquisas sobre os efeitos do alho na saúde.
Depois de cortar, picar, triturar ou esmagar o alho, é desencadeada uma reacção em cadeia originada por uma enzima, a allinase que transforma a alicina em pelo menos 3 moléculas com actividades biológicas muito interessantes e que são: o diallyl sulfide, o diallyl disulfide e o diallyl trisulfide.
Este último, o diallyl trisulfide (DATS), é hoje reconhecido por diferentes estudos como o agente antitumoral mais eficaz. Induz a paragem do ciclo celular e conduz à morte, por apoptose, vários tipos de células tumorais, impedindo desta forma a progressão das células cancerígenas. Os dados científicos, hoje disponíveis, destacam o papel preventivo do alho em cancros do sistema digestivo – esófago, estômago e colon.
Em estudos mais recentes, este composto, o DATS, já mostrou apresentar concentrações citotóxicas também eficazes para a diminuição do carcinoma da mama (linha celular MDA-MB-231), do pulmão e da próstata.
Para além da redução do risco de cancro, o consumo diário de alho na alimentação está associado a diversos efeitos cardioprotectores como se verifica com a redução significativa da agregação plaquetária e formação de coágulos; com a redução dos níveis séricos do colesterol; com a inibição da actividade de enzimas inflamatórias e outros componentes envolvidos no processo de inflamação e que estão directamente responsabilizados na formação da aterosclerose e no endurecimento das artérias.
Outros estudos alargam ainda as propriedades do alho complementando-o com a actividade anti-envelhecimento, por melhoria do sistema imunológico e da circulação, retardamento do envelhecimento da pele e na prevenção das cataratas, da degeneração macular e da artrite.
O alho é um ingrediente clássico das aromáticas e nutritivas culturas gastronómicas espalhadas pelo mundo mas é curioso como se encontra ausente na última geração de comida, os menus fast-food. Não podemos pedir: quero um menu XPTO com muito alho ou com pouco alho, porque simplesmente não tem nenhum!
[fonte] Referências Bibliográficas: Lee BC, Park BH, Kim SY, Lee YJ. Role of Bim in diallyl trisulfide-induced cytotoxicity in human cancer cells. J Cell Biochem. 2011;112:118-27.; Rahman K, Lowe GM. Garlic and cardiovascular disease: a critical review. J
Nutr. 2006;136:736S-740S.; Rahman K. Garlic and aging: new insights into an old remedy. Ageing Res Rev. 2003;2:39-56. [/fonte]