O rastreio do cancro do colo do útero começou com a introdução do exame de Papanicolau, ou citologia cervical e é, em grande parte, responsável pelo notável sucesso alcançado na prevenção do cancro do colo do útero. O sucesso deste teste deve-se ao facto de ser não só uma forma de diagnosticar a doença, mas principalmente uma forma de detectar lesões que podem desenvolver para cancro.
O risco de desenvolver uma lesão pré-cancerosa ou cancro é maior em mulheres com início precoce da actividade sexual, antes dos 20 anos, em fumadoras e em mulheres com múltiplos parceiros sexuais.
Este teste consiste basicamente na colheita de uma amostra de células do colo do útero com uma espátula especial, sendo a morfologia destas células posteriormente analisadas por um patologista a fim de identificar células suspeitas que podem vir a tornar-se cancerosas. Dependendo da gravidade das lesões detectadas poderá ser necessária a realização de uma nova citologia, colposcopia, ou tratamento da lesão. É um exame muito simples que é efectuado pelo médico de família, no Centro de Saúde ou numa consulta particular pelo ginecologista durante a observação ginecológica.
De acordo com as Guidelines Europeias o exame de Papanicolau deve ser iniciado entre os 20 e os 30 anos de idade, num intervalo de três anos até aos 60 anos. Contudo, a frequência na realização do teste poderá ser alterada de acordo com vários factores, nomeadamente resultados de testes anteriores, a presença de Papiloma Vírus Humano, etc. A primeira citologia deve ser feita dois a três anos após as primeiras relações sexuais e, caso o primeiro teste seja negativo, deve ser repetido um ano após e, se se mantiver negativo, basta realizá-lo de três em três anos.
As mulheres submetidas a histerectomia podem ser excluídas do rastreio, excepto se a cirurgia estiver relacionada com uma neoplasia do colo do útero, ou se a cirurgia teve apenas uma abordagem subtotal. Em mulheres grávidas ou no período pós-parto, a qualidade da amostra poderá ser afectada devido a alterações na resposta inflamatória. Desta forma, o teste deverá ficar adiado para pelo menos 6 a 8 semanas pós-parto. Além disso, existem vários factores que podem afectar negativamente a qualidade de uma amostra, nomeadamente período menstrual, infecção vaginal, relações sexuais nas 24 horas que antecedem o teste, a aplicação de medicação vaginal, creme desinfectante, etc.
O cancro do colo do útero pode ser prevenido, desta forma o rastreio através do teste Papanicolau torna-se fundamental.
[fonte] Fonte: Arbyn M, European Commission. Directorate-General H, Consumer P. European guidelines for quality assurance in cervical cancer screening. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities 2008.[/fonte]