Tornou-se moda usar expressões como: o filme da minha vida, a viagem da minha vida, o livro da minha vida, …. Todas estas frases provavelmente derivaram daquela outra que inspirou muitos romances, o amor da minha vida, para transmitir aos outros o que já nos fez ou ainda nos pode fazer felizes, enfim satisfeitos!
Pois bem, por esta ordem de ideias, o legume da minha vida é a couve portuguesa.
Qual é o legume da sua vida? Alguma vez lhe ocorreu pensar, entre muitos, qual é mesmo o seu eleito?
Mas, atenção! Pelo facto de ter o legume da sua vida, isso não quer dizer que passe a vida a comer só aquele que elege como “o mais que tudo”, até porque, se não houver moderação, o mais provável é que enjoe e ele deixe de ocupar esse lugar especial.
A couve portuguesa, ou tronchuda, pertence a uma extensa família. Pois é, quem diria que os grãos de mostarda, por exemplo, são parentes próximos das couves tronchudas? Facilmente nos escaparia esse parentesco, excepto aos botânicos e especialistas da produção vegetal.
A couve portuguesa é o principal ingrediente de muitas receitas portuguesas e saudáveis como a irresistível e abençoada sopa de feijão com couve. Agora um pequeno desabafo: é uma pena que muitos portugueses, e refiro-me às gerações mais novas, não a provem ou só a consigam comer toda passada, ignorando a principal função dos dentes: mastigar.
Quase a chegar a uma das noites mais esperadas no ano inteiro, esta couve não falta com o seu fiel amigo, o Sr. Bacalhau. Afinal a festa do Natal começa logo bem. Começa com uma refeição saudável, onde os vegetais ocupam metade do prato. E como não podia deixar de ser, tão bem representados, em parte, pela couve portuguesa.
A presença constante de legumes na nossa alimentação é um acontecimento festivo para todas as células do nosso corpo. É para elas um autêntico banquete de vitaminas, de minerais e de fibra, fundamentais para a realização da vida saudável no plano biológico.
Devido à couve, a tronchuda, toca nesta festa uma “banda” bastante completa e que passo a apresentar: as vitaminas B2, B3, B6, C, E, K, acompanhadas dos minerais cálcio, fósforo, potássio, magnésio, zinco e, ainda, a fibra (2 gramas por cada 100 gramas de couve).
Tem havido uma evidência científica crescente a mostrar a necessidade de um fornecimento constante de substâncias fitoquímicas, distribuídas pelos alimentos de origem vegetal, que têm um papel chave na prevenção do cancro. Diferentes vegetais apresentam fitoquimicos distintos e em conteúdos diferentes, oferecendo deste modo mecanismos de protecção anticancerígena a diferentes níveis.
Assim, a couve portuguesa, além de vários polifenóis e de β-caroteno, possui elevadas concentrações de glucosinolatos, responsáveis pela libertação de duas classes de fitoquímicos: os isotiocianatos e os indóis, fortemente poderosos na actividade anticancerígena. Os efeitos anticancerígenos de um deles, o indol-3-carbinol, têm sido comprovados através de diversos estudos no cancro do endométrio, da mama e da próstata, actuando através de diferentes vias metabólicas e hormonais.
Afinal, quando como o legume da minha vida, o meu corpo tem razões para fazer uma festa e celebrar a saúde.
Na pesquisa bibliográfica do presente artigo agradece-se a colaboração de Joana Rodrigues e Rute Magina, alunas do 2º ano da Licenciatura de Nutrição e Qualidade Alimentar da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco.
[fonte] Referências bibliográficas:http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/jf020665f#citing http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2604958/ http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15570059 [/fonte]