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O Ótimismo Trágico de Viktor Frankl

O que significa ver a vida com um otimismo trágico? O que levará um ser humano a manter a esperança, a sanidade mental e até mesmo a sobreviver em circunstâncias extremas?

Todos os dias somos confrontados com eventos trágicos, através dos órgãos de comunicação social, ou mesmo por experiências vividas por nós ou por alguém próximo. Se é verdade que muitos destes eventos têm um desfecho dramático, também é verdade que muitas vezes nos surpreendemos com situações onde alguém revela uma capacidade de sobreviver e de transcender as dificuldades que é absolutamente impressionante. No caso particular dos doentes oncológicos cada vez mais se somam nas livrarias testemunhos de sobreviventes ou de pessoas que mesmo não tendo sobrevivido ao cancro, não deixaram de “sobreviver” na nossa memória coletiva graças ao seu exemplo de coragem e de luta.

A história humana está repleta destes exemplos e a sobrevivência ao holocausto judeu durante a segunda guerra mundial é um dos mais emblemáticos. Mas existem muitos mais exemplos a sugerirem que existe uma tenacidade inerente à nossa natureza humana, a qual será muito provavelmente um dos ingredientes que transforma homens anónimos em heróis.

A experiência de sobrevivência de Viktor Frakl, o psiquiatra austríaco que fundou a Logoterapia, num campo de concentração para judeus, durante a segunda guerra mundial, contribuiu grandemente para que se aprofundasse esta questão e para que se investigasse quais os ingredientes fundamentais para mantermos o nosso otimismo, mesmo em face das mais extremas circunstâncias. Frankl observou que apesar de muitos prisioneiros perecerem na situação dramática em que se encontravam, muitos outros sobreviviam mantendo uma enorme vitalidade e sentido de propósito. Assim sendo, concluiu que as pessoas conseguem suportar qualquer sofrimento desde que estejam convencidas de que existe um sentido para esse sofrimento. E esse sentido, segundo Frankl, pode ser encontrado. A função da logoterapia seria ajudar os pacientes a encontrar esse mesmo sentido, o qual é específico para cada indivíduo.

A teoria desenvolvida por Viktor Frankl, bem como outras teorias e técnicas psicoterapêuticas que dela derivaram tal como a Psicoterapia Centrada no Sentido da Vida, enfatiza a dimensão espiritual dos seres humanos, a par das suas dimensões biológica, psicológica e social. O pressuposto fundamental é de que mesmo que possamos ser inundados por um sentimento de vazio em situações extremas, tendemos sempre a buscar um sentido, pois possuímos uma tendência natural para procurar sobreviver e “florescer” em qualquer circunstância. Nesta perspetiva as crenças espirituais assumem um papel fundamental para a nossa saúde e bem-estar pois dão-nos uma visão do mundo que nos permite ter uma razão de vida. Importa, contudo esclarecer que esta dimensão espiritual é entendida num sentido bastante vasto já que se refere essencialmente aos nossos recursos internos e sendo assim, quando nos referimos a crenças espirituais poderemos considerar a fé básica na divindade (seja esta entendida como algo externo ao individuo ou como qualidade potencial dos seres humanos e não só); a fé na vida, na natureza, no ecossistema, etc.

Viktor Frankl apelidou a sua visão da vida de otimismo trágico na medida em que acreditava que o sentido e a esperança podem ser encontrados, apesar das circunstâncias e até ao último suspiro de cada um de nós e identificou cinco ingredientes fundamentais para que os seres humanos sobrevivam mentalmente e até fisicamente a situações tão difíceis como a privação das mais elementares necessidades até à real confrontação com a eminencia da morte. Esses ingredientes são: A aceitação, a afirmação, a coragem, a fé e a auto transcendência. Em todas as situações de sobrevivência os encontramos pelo que se torna importante que nos detenhamos em cada um, meditando sobre o seu significado e sobre como poderemos busca-los em nós e na nossa vida.

[fonte]Referências:Frankl, Viktor (2012). O Homem em Busca de um sentido. Lua de Papel; Wong, Paul, T.P. (2011). From Logotherapy to Meaning-Centered Counseling and Therapy. Trent University.; Fonte da imagem: http://clubedhonra.blogspot.pt/2015/06/vencer-e-uma-decisao.HTML [/fonte]

 

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