Pão para todos!
Ao longo da História da Humanidade o pão tem sido o alimento eleito como o símbolo da vida das pessoas em sociedade.
O pão é o único alimento com uma dimensão espiritual, económica, política, democrática e social, surgindo, de forma tão diversa, como sinónimo de fonte de vida, solidariedade, partilha, unidade, luta, justiça, abundância, fome, enfim, entre outras.
Com todas as mudanças económicas e sociais que estamos a viver, as discussões filosóficas acerca de haver ou não “pão para todos” estão a regressar e outras ideias certamente irão surgir também.
Mas, desta vez, a expressão “pão para todos” vai ser aqui usada apenas com bases científicas e simplesmente com o objetivo de defender a posição do pão e assim o seu retorno à alimentação diária de todos e de acordo com as necessidades nutricionais nas diferentes faixas etárias.
Os erros que fomos cometendo, sobretudo nas últimas três décadas, ao trocarmos o pão fresco do dia pelo mercado poderoso dos alimentos processados são agora visíveis e reais.
Trocámos o pão nutritivo pelo vazio das bolachas, bolos e pasteis muito energéticos, em que prevalecem os açúcares simples e as gorduras saturadas e onde as vitaminas, os minerais e as fibras estão ausentes. Estamos mais pesados, mais obstipados e mais pobres.
Esta troca não beneficiou a saúde de cada um e muito menos a sua carteira. Todos os produtos alimentares que têm vindo a substituir o pão são mais dispendiosos e isso é evidente quando comparamos os preços. Independentemente da farinha usada, trigo, milho, centeio ou de mistura de cereais, o preço do quilo do pão não ultrapassa os 2,5 euros; se falarmos de bolachas, bolos ou pastéis, aí o preço já se encontra sempre acima dos 6 euros por quilo.
Voltar a introduzir o pão na alimentação, feito a partir de grãos integrais de trigo, milho, centeio ou de mistura, contendo todas as suas frações – farelo, endosperma e gérmen, é uma medida duplamente favorável para uma alimentação mais cuidada e económica.
O pão é intensivamente rico em diversos nutrientes e outros compostos encontrados nas diferentes camadas que compõem os grãos integrais e todos eles com benefícios reconhecidos para a saúde.
De acordo com as pesquisas mais recentes, os grãos integrais são ricos em fibras dietéticas, ácidos gordos essenciais, vitaminas do grupo B, vitamina E, magnésio, selénio, potássio, ferro, compostos fenólicos e fitoestrogénios, sobretudo a classe das ligninas.
No que respeita ao grupo das ligninas, os seus mecanismos de ação têm sido um alvo recente de investigação; alguns estudos sugerem benefícios na ingestão elevada de ligninas na redução do risco de cancro da mama em mulheres pós-menopáusicas. São fontes concentradas de ligninas os grãos integrais de trigo, aveia e centeio.
A investigação e os últimos resultados publicados corroboram a orientação de que o consumo regular de pão (de centeio, de trigo ou de mistura de grãos integrais) reduz o risco das doenças cardiovasculares, da diabetes tipo 2, de algumas patologias gastrointestinais e de certos tipos de cancro, tais como: coloretal na mulher, estômago, boca/garganta, trato digestivo superior e endométrio.
Depois disto, sabemos que ao introduzir o pão na alimentação diária, de forma equilibrada, ficaremos mais saudáveis, melhor nutridos e mais ricos!
24, Junho, 2015 @ 23:10
Quero agradecer mais um artigo interessante, sobre um alimento importante e ao qual todos devíamos dar mais atenção. De facto é lamentável, que o pão nos últimos anos tenha sido desvalorizado e substituído por alimentos prejudiciais à nossa saúde.
8, Setembro, 2015 @ 14:22
Com tanta variedade de pão, que hoje temos à disposição, torna-se difícil não gostar…