Marmelo: fatias doces em família
Costumava ser assim: em cada casa portuguesa, por esta altura, a avó, a mãe e/ou as tias, reuniam-se para preparar a tradicional marmelada. Enchiam pequenas tigelas de louça, colocavam-nas em lugares solarengos e mais tarde, depois de cobertas com papel vegetal, distribuíam-nas pelos elementos da família e alguns amigos. Ao longo do Inverno, pequenas fatias adoçavam os lanches de uma forma tão natural!
Lembra-se? Havia sempre uma marmelada que se distinguia de todas as outras. Era única!
Hoje compra-se a marmelada em embalagens de plástico. É mais prático e fácil de consumir, mas não quer dizer que seja boa ideia. O prático e fácil deu lugar a uma “marmelada assim-assim” porque “nunca experimentei a verdadeira” ou porque “lá em casa já não se faz mais assim”.
Não passaram assim tantos anos e ainda pode ir a tempo de salvar heranças de família, como a tradição de fazer marmelada, até mesmo geleia, com marmelos acabados de apanhar, guardando assim e perpetuando verdadeiros segredos gastronómicos.
O marmelo é parente da maçã e da pêra mas, ao contrário destes, não se conserva durante tanto tempo. Assim a técnica de o transformar em compota, usando o fruto por inteiro, permite usufruir, em pleno, do seu valor nutricional e durante mais tempo.
O potencial nutritivo do marmelo é elevado. Alguns estudos efectuados com as diferentes partes do fruto (pele, polpa e sementes) mostraram um conteúdo elevado de vitamina C, de pectinas (fibras solúveis) e de substâncias fitoquímicas, responsáveis por diversas actividades biológicas, benéficas na prevenção das doenças crónicas mais comuns.
No marmelo, o grupo de fitoquímicos identificado é variado. Sobressaem os compostos fenólicos, como: flavonóides, quercetina, rutina e kaempferol, responsáveis por exibir actividade antioxidante, muito úteis como agentes terapêuticos na prevenção de doenças em que estão implicados os radicais livres. Há um estudo português, recente, que sugere algum potencial anticancerígeno do marmelo em células renais cancerígenas.
Que tal convidar os amigos e organizar uma tarde para confeccionar e partilhar os vários métodos de preparar os marmelos. Convide também a avó ou as tias. Assim, torna-se possível preservar alguns hábitos saudáveis que encerram histórias e tradições de família.
4, Novembro, 2011 @ 15:56
Olá Margarida!
Muito obrigada pelas tuas rubricas sempre tão oportunas e reveladoras da tua sabedoria, sensibilidade e criatividade.
Do teu trabalho já saiu uma ideia para uma proposta de trabalho:
O ciclo da marmelada – pesquisa dos elementos visuais e tecnológicos presentes na produção da marmelada (cada aluno pesquisa um método de produção, artesanal, industrial, etc.).
Já propus este trabalho para o ciclo do pão e para o ciclo do livro. Foi um sucesso. Mas todos os anos tenho de mudar de assunto, certo?
Obrigada pelo conteúdo e pela dica que me deste.
Nunca nada é em vão, vês?
6, Novembro, 2011 @ 17:48
Olá
Parece-me uma boa utilização sobretudo para as crianças e jovens.
Aguardamos os resultados do ciclo da marmelada e fica o convite, caso haja interesse, para a sua divulgação aqui no Stop Cancer Portugal, como actividade promotora da saúde e bem-estar.
9, Julho, 2012 @ 17:30
Gosto muito de marmelada e embora esteja habituada a comer marmelada caseira, acho que há alguma marmelada de compra muito boa, mais cara, mas boa… Além de fazer marmelada com marmelos também fazemos com gamboas, embora como não temos nenhuma árvore, só podemos aproveitar quando nos dão…
Já agora outra forma que gosto muito de comer marmelos e gamboas são cozidos… e como não se adiciona açuçar até deve ser mais saudável 🙂